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Opinião

Magia do reencontro

Inclusivo, diverso e reflexivo, Maximídia 2021 abre frentes de diálogo em temas nos quais a indústria de comunicação, marketing e mídia precisa se aprofundar para evoluir de forma sustentável


13 de outubro de 2021 - 10h03

Eduardo Simon e Frank Pflaumer, no Maximídia 2021 (Crédito: Eduardo Lopes/Imagem Paulista)

Quem acompanhou presencialmente os três dias do Maximídia 2021, na semana passada, em São Paulo, vivenciou momentos emocionantes, como o encontro do maestro João Carlos Martins, o músico erudito brasileiro em atividade mais conhecido internacionalmente, com as crianças e adolescentes da Orquestra Jeri, projeto social de Jericoacoara, no Ceará, apoiado pela Elo, uma das patrocinadoras do evento. Viu também o reencontro com o público do DJ Alok, o brasileiro mais ouvido no mundo na atualidade, em seu primeiro palco com plateia no Brasil desde o início da pandemia, em entrevista que encerrou a programação, na noite de quinta, 7.

Entretanto, a música foi apenas um dos componentes de uma jornada envolta na ansiedade de boa parte dos participantes, por estarem novamente em um ambiente de networking presencial. Houve um misto de entusiasmo pela volta à convivência com o desconforto de ainda estarmos sujeitos aos protocolos de segurança necessários ao combate da Covid-19. Num clima de “otimismo cauteloso”, como definiu o presidente da KPMG, Charles Krieck, ao falar das projeções para o 2022, a variedade de assuntos tratados pelo Maximídia abrangeu da criatividade mais corajosa e menos pretensiosa ao ganho de valor dos games como mídia, da importância para a inovação de correr riscos, apender com fracassos e até mesmo expor uma ideia ruim ao papel da iniciativa privada na diminuição das desigualdades sociais agravadas pela pandemia.

A divisão da programação em trilhas, com horários fixos nos três dias, se mostrou novamente acertada e a alternância de temas manteve a atenção de uma audiência recorde, considerando os acessos à plataforma digital que transmitiu ao vivo o conteúdo das manhãs e o público presente no hotel Unique do início das tardes ao começo das noites. Em pontos como as análises sobre a complexidade dos cenários macroeconômico e político brasileiros e a retomada do trabalho presencial em ambientes saudáveis, sem perder totalmente os ganhos do período de home office, as ideias, análises e divergências dos painelistas desceram do palco e acompanharam os participantes nas conversas posteriores, ajudando quem precisa planejar ações e investimentos para os meses finais de 2021 e para o próximo ano, cujo calendário prevê Copa do Mundo e eleições presidenciais no Brasil e as previsões apontam para muitos negócios ainda retraídos. Foi o que aconteceu após o tenso debate entre os vice-presidentes da Associação Brasileira de Anunciantes (Aba) e da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap), Frank Pflaumer e Eduardo Simon, no primeiro encontro público entre as partes desde o rompimento institucional do início do
ano, quando a entidade dos anunciantes se retirou do Conselho Executivo das Normas-Padrão (Cenp). Ainda mais divergindo do que concordando em questões como remuneração baseada em compra de espaços publicitários, pagamento de bonificações dos veículos para as agências e separação das áreas de mídia e criação, a abertura ao diálogo contribui no esclarecimento e envolvimento do mercado na discussão sobre o modelo comercial que o sustenta.

Em outras frentes, o evento avançou nos alertas à indústria de problemas que colocam reputações em risco, como os relacionados a sigla ESG, à cultura organizacional, à urgência na aceleração dos processos de inclusão em cargos de liderança, ao trato da diversidade como elemento essencial para a inovação, à falsa precisão na mensuração de dados e aos modelos e processos de trabalho que são cruciais para a retenção de talentos. Assim, o Maximídia se engrandeceu como principal fórum da indústria, ao se portar ainda mais inclusivo, diverso e reflexivo. E terminou com uma mensagem positiva de Alok, a partir de seu exemplo pessoal de transformação do sentimento de “vazio do sucesso” em uso da fama para mudar realidades adversas, a partir do exercício de reconhecimento de sua função de “agente social”, que todos nós, pessoas e marcas, podemos ser.

*Crédito da foto no topo: Mubaz Basheer/Pexels

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