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Opinião

Me reinvento, logo existo (na publicidade)

Amo ser publicitária por vários motivos, mas um dos mais excitantes é nunca ter espaço para acomodação


16 de maio de 2023 - 6h00

A vida na publicidade é uma grande aventura (Crédito: Shutterstock)

Com constantes mudanças no mundo, é necessário recomeçar inúmeras vezes para sobreviver ao mercado.

Nasci na geração analógica que, com o passar do tempo, tornou-se digital. Conheci o fax, realizei trabalhos escritos à mão ilustrados com imagens de enciclopédias e também apresentei pranchas de concorrência em placas de foam. De ‘KVs’ em 3D montados com mockup à inteligência artificial, tudo muda em um piscar de olhos.

A vida na publicidade é uma grande aventura. Quando me formei, não existia marketing digital (malemal existia o digital), e, de repente, as plataformas tornaram-se as principais ferramentas para fazer alguém ou algo ser relevante. Vivemos uma constante necessidade de reinvenção, em especial nós, veteranos de guerra.

Eu amo ser publicitária por vários motivos, mas um dos mais excitantes é nunca ter espaço para acomodação. De manhã posso estar fazendo uma reunião sobre fast food, no período do almoço discutir com clientes sobre o mercado de beleza, e de tarde ler sobre carros. Mesmo quando somos responsáveis por apenas uma conta, os diferentes projetos nos mantêm com o radar ligado para diversas oportunidades e públicos interessados em assuntos opostos.

Repertório é o nosso principal combustível e cada novo desafio nos faz navegar entre invenções, novas tecnologias e diferentes problemas enfrentados por alguém que está ao nosso lado, ou até mesmo do outro lado do mundo. Não existe espaço para tédio no nosso dia a dia. É uma loucura.

Minha reflexão sobre a reinvenção começou com o livro Princípio: 128 princípios para se tornar um criativo em agência de publicidade, do Lucas Ribeiro e Alexandre Kazuo. O livro foi escrito com o intuito de ajudar novos publicitários a planejarem e construírem as suas carreiras, com boas dicas (que são sempre bem-vindas), mas nem sempre compartilhadas. Mesmo com quase vinte anos de carreira, fui impactada por essa leitura pelo fato de muitos dos princípios se conectarem diretamente com a minha reinvenção atual, uma versão de mim que está (re)começando.

Redatora de formação e de longa experiência, já me reinventei como cliente, produtora audiovisual, autora, podcaster e diretora de criação. Muitos pensam que a direção criativa é um crescimento natural para redatores e diretores de arte, mas é uma profissão completamente diferente. Cada novo cargo, cliente, cadeira, plataforma ou projeto exige que a gente se reinvente todos os dias.

Nos tornamos até mesmo especialistas de cantores, influencers e celebridades distantes do nosso universo por projetos em que passamos horas no TikTok, Twitter e Instagram em busca do assunto ou o meme do momento. Qualquer piscada, e perdemos o bonde que pode determinar o sucesso de uma campanha.

As agências não escapam também. Cada dia mais vejo novas áreas e oportunidades surgindo, como a área de conteúdo, growth digital, mídia social, cultura e tantas outras que ainda serão criadas por mudanças que estão por vir.

Os desafios são diferentes nos diversos estágios da nossa vida e carreira, mas são uma constante para todos que optam por essa profissão. É fácil? Sabemos que não. Lembro de estar desenhando uma descrição de perfil para uma vaga no meu time, e brincar com o meu gestor que a primeira habilidade deveria ser resiliência. Temos que lidar com o novo e a frustração todos os dias, e, para uma controladora iludida como eu, só a resiliência pode salvar.

Como diziam os autores do livro mencionado (spoiler alert): “Tente ao máximo manter essa energia de júnior por todos os anos da sua carreira”. Que a curiosidade, a humildade e o tesão nos acompanhem até o fim, amém.

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