Mulher, quantas vezes você pediu desculpas hoje?
Esperam que as mulheres sejam sempre “fofas” e, com isso, vamos deixando pedaços nossos pelo caminho
Outro dia, no trabalho, recebi o seguinte feedback: “Você pede desculpas demais.” Meu marido, aliás, vive me dizendo a mesma coisa. E ele tem razão. Comecei a reparar no quanto isso acontece no meu dia a dia; é automático. A gente pisa no próprio pé… e pede desculpas.
Nós, mulheres, aprendemos a agradar, a suavizar, a não incomodar. Parece conversa velha, né? Mas é real. Vamos, aos poucos, deixando pedaços nossos pelo caminho: sendo sempre sorridentes, cordiais, gentis; enquanto, lá dentro, cresce um incômodo que nem sempre conseguimos nomear.
Desde que me mudei para os Estados Unidos, essa sensação ficou ainda mais evidente. No ambiente profissional por aqui, as pessoas são mais objetivas e seguras. Dizem o que pensam com confiança, sem tanto medo de parecerem duros. E, principalmente, não pedem desculpas sem motivo. Bom, essa diferença cultural daria um texto só sobre isso; quem sabe no próximo?
Tenho aprendido a observar minhas palavras antes de soltar um “desculpa” automático. A respirar fundo antes de ceder. A reconhecer, dentro de mim, quando estou me anulando só para manter uma aparência de harmonia. Afinal, é isso que esperam de mim, mulher: que eu seja fofa.
A gente cresce ouvindo que ser legal, sorridente e disponível é quase uma obrigação feminina. Mas isso tem um custo alto: o da invisibilidade da nossa verdadeira vontade. E ser invisível para si mesma pode custar bem caro, não é mesmo?
Não acho que a solução seja virar alguém ríspido ou perder a empatia que nos torna quem somos. Mas dá pra equilibrar: continuar sendo gentil, mas também verdadeira. Continuar ouvindo o outro, mas também se escutar.
Então, te convido pra um pequeno exercício: da próxima vez que for dizer “desculpa”… se pergunte: eu preciso mesmo? Quanta energia a gente recupera quando para de se explicar tanto.