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O Big Bang do Big Ben

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Opinião

O Big Bang do Big Ben

Como seres humanos, ficamos à procura de desestabilizar o “status quo” da tranquilidade e viramos sabotadores de nós mesmos


6 de julho de 2016 - 16h00

Foto: Reprodução

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O que faz com que uma nação que tem 1.500 anos de conquistas históricas, raízes, educação, realeza, saúde financeira e econômica, taxa de inflação de 0,5%, desemprego que não ultrapassa 5% ao ano, índices de desenvolvimento mais invejados do planeta, um povo culto, desenvolvido e que, acima de tudo, é exemplo de ordem e civismo para a grande maioria dos outros países querer estragar tudo de uma só vez, tomando uma das decisões mais equivocadas de sua existência?

Essa nação, maior império de todos os que já existiram, conseguiu construir um Reino Unido que gozava do melhor dos dois mundos ao integrar o maior bloco econômico do planeta — o Mercado Comum Europeu —, com liberações e concessões que só a Grã- Bretanha possuía entre todos os países que dele participam. Porém, nada disso pareceu ser suficiente. Dormiram potência e acordaram assustados. Estão a caminho de ser uma nação dividida, com economia que pode colapsar em médio prazo, além de gerar um número de dúvidas que pode fazer com que os mercados em todo o mundo venham a ter problemas de toda ordem, totalmente desnecessários.

O que faz com que uma nação, em nome de uma simples proteção contra imigrantes indesejáveis, queira se autodestruir, se engalfinhando em uma confusão histórica que pode lhe tomar todas as forças e levá-la à destruição de valores seculares, construídos a duras penas e com muitas perdas?

O que faz com que uma nação que estava construindo uma saída para a crise com prosperidade e um sorriso invejável em sua face nobre e sardenta queira destruir seu futuro e gerar incertezas na próxima geração britânica, que talvez deixe de ser tão nobre assim, posto que seu reinado pode virar abóbora?

O que faz com que a precisão do sino do relógio do Palácio de Westminster, mais conhecido como Big Ben, seja testemunha de um arrependimento imediato por um erro que já foi cometido e que dificilmente será remediado em curto prazo e que possivelmente fará com que o povo inglês saia da realeza para cair na real?

Na minha modesta, plebeia e simples opinião, a resposta é: porque somos seres humanos. Ficamos à procura, inconscientemente ou não, de desestabilizar o “status quo” da tranquilidade e da prosperidade. Somos sabotadores de nós mesmos. Destruidores da nossa felicidade e, por mais que almejamos ser felizes a todo custo, sempre estaremos contestando esses momentos. Nós não suportamos o sucesso constante, a felicidade permanente, o amor estável; e estaremos sempre, em nome da desculpa do “dá pra melhorar”, procurando o famoso “pelo em ovo” todo o tempo, o tempo todo.

Creio que não sabemos avaliar o momento da felicidade plena. Somos seres humanos e parece ser humano tentar melhorar aquilo que já está muito bom. Lamentavelmente, aproveitar o que já foi conquistado, regar o que já foi plantado, aconchegar o que já nos foi proporcionado, amar o que já temos e valorizar aqueles que nos amam, são atitudes muito difíceis para nossa raça.

Nós não temos a capacidade de identificar e entender as diferenças entre nós mesmos. Não conseguimos compreender que o que nos diferencia não faz o outro deixar de ser amigo e irmão. Afinal, somos ou não seres humanos e filhos “do mesmo ser”? Parece-me que não, pois criamos as religiões para nos separar, estabelecemos as fronteiras para nos dividir, instituímos a competição não para nos incentivar, mas sim para nos odiar e, finalmente, inventamos o materialismo para nos cegar.

Por isso, queremos mudar, largar, ampliar, sair, modificar aquilo que não precisa ser mudado, uma vez que o estado pleno de paz e de convivência saudável foi alcançado. Muitas vezes, a procura pela perfeição pode nos fazer cegos em relação à dimensão sublime que o simples e o dia a dia pleno de imperfeições, graças a Deus, nos dá.

Que a nossa nobreza, mesmo que aos olhos dos outros lhes pareça singela, nos faça felizes. Devemos nos sentir realizados com o que temos e com o que nos foi possível conquistar. E que cada conquista alcançada com o suor seja valorizada e louvada.

Einstein dizia que a única coisa que lhe interessava era a “verdade de Deus”. Desse modo, sejamos então humildes com nossas vontades e nossas conquistas, e que o ato de estarmos vivos e vivermos cada momento com o que é nosso sejam a “grande e divina verdade”! Desejo “boas e grandes conquistas a todos os Homens de bem”. Amém e amém!

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