O futuro da TV no Brasil é multiplataforma
Como a evolução da TV está revolucionando a forma como a população consome conteúdo
A comunicação eficiente é aquela que entrega a mensagem certa, para a pessoa certa, no momento certo. Para isso, é preciso estar onde o público está. E cada vez mais, o público está em diversas telas, plataformas e formatos. No centro dessa transformação, a televisão — há décadas parte essencial da vida dos brasileiros — mostra que não apenas resiste, como se reinventa em ritmo acelerado, provando que os prognósticos sobre seu fim foram, no mínimo, precipitados.
Se antes a TV era sinônimo de sinal analógico e canais abertos, hoje ela é um ecossistema complexo, que vai das antenas parabólicas em Banda KU à TV Conectada e à futura TV 3.0.
A revolução é silenciosa, mas os números são ruidosos: desde junho de 2022, mais de 15 milhões de antenas KU foram instaladas no Brasil, garantindo acesso gratuito e com qualidade digital a mais de 70 canais. A Sky também avança nesse mercado, com previsão de atingir 1 milhão de instalações ainda este ano.
O segmento de TVRO (TV aberta via satélite) vive um novo e vigoroso ciclo de expansão — especialmente relevante para o interior do país, onde a conectividade plena ainda não chegou.
Ao mesmo tempo, a TV Conectada inaugura um novo capítulo na história da mídia audiovisual. Desde 2021, os principais fabricantes — Samsung e LG à frente — estruturaram suas próprias plataformas de canais FAST (Free Ad-Supported Streaming TV), somando hoje mais de 39 milhões de aparelhos conectados em funcionamento no Brasil.
Esse ambiente cria um espaço híbrido e altamente mensurável para produção de conteúdo, distribuição e publicidade, trazendo para a maior tela da casa a inteligência de dados que antes era exclusividade do digital.
A mensuração, aliás, é a grande fronteira a ser desbravada. A ausência de um modelo unificado de medição de audiência ainda é um gargalo para o crescimento dos investimentos publicitários nas TVs Conectadas. Mas o caminho está traçado: nos Estados Unidos, onde esse mercado já amadureceu, anunciantes têm migrado recursos para canais FAST com a confiança de que podem medir retorno e impacto. O Brasil tende a seguir esse mesmo movimento.
Na TV aberta terrestre, o avanço do modelo 3.0 também já começou com alguns testes. Com tecnologia de ponta e potencial para revolucionar a experiência do telespectador, ela representa um salto qualitativo importante. No entanto, os custos de implementação ainda restringem sua expansão em pequenas e médias cidades — o que reforça a importância das plataformas satelitais e conectadas como o principal caminho para a democratização do acesso e da inovação.
Diante deste cenário, é incorreto falar em “fim da TV” ou em perda de relevância. O que está acontecendo é uma redefinição profunda do papel da televisão no ecossistema midiático.
A queda da PayTV tradicional, por exemplo, não significa desinteresse do público por conteúdo audiovisual linear. Significa, isso sim, uma mudança no modelo de distribuição e no tipo de experiência buscada.
A TV sempre soube se adaptar aos novos tempos. E agora, mais do que nunca, ela se consolida como uma plataforma fluida, mensurável, acessível e estratégica. Para jornalistas, publicitários e profissionais de mídia, o desafio é integrar essa nova televisão às jornadas de consumo de conteúdo, combinando o poder do alcance com a precisão da segmentação, e a força da emoção com a inteligência dos dados.
O futuro da TV no Brasil não é uma ruptura com o passado. É uma evolução que a torna ainda mais próxima, mais personalizada e, sobretudo, mais poderosa para marcas e conteúdos que querem se manter relevantes.