Assinar

O futuro do trabalho já chegou

Buscar
Publicidade
Opinião

O futuro do trabalho já chegou

Estruturas organizacionais baseadas em hierarquia, controle e processos têm cada vez mais dificuldades de operar em um ambiente volátil e em constante evolução


28 de janeiro de 2020 - 8h04

(Crédito: UnitoneVector/istock)

O modelo de trabalho baseado na longevidade e pouca mobilidade profissional como fatores de sucesso de carreira, ganhou um novo contraponto — a tecnologia e, com ela, uma velocidade de mudanças num ritmo sem precedentes.

Seguíamos, por hábito, uma trilha de vida linear, onde estudávamos para trabalhar e trabalhávamos para nos aposentar. Simples e sequencial assim. Basta olhar para nossos pais e avós.

Porém, o mundo mudou! Nossa expectativa de vida saltou de 60 anos para quase cem anos e o mundo segue apresentando novos contextos e dinâmicas para as quais ainda não temos um modelo mental preparado. Analisávamos dados históricos como base para emular cenários futuros. Os negócios evoluíam em um ritmo que nos permitia ter mais respostas que perguntas. Sabíamos quem eram nossos concorrentes. Distâncias geográficas eram limitadoras.

As tecnologias digitais implodiram esse modelo, sem dó nem piedade. O celular eliminou qualquer barreira de tempo e espaço. Somos móveis e estamos permanentemente conectados. Concorrentes e modelos de negócios surgem diariamente e em um ritmo nunca experimentado. O alvo deixou de estar pregado na parede. Agora é móvel, muda de nome, tamanho e velocidade. A vida deixou de ser linear. Agora é líquida.

Aquele modelo de trabalho, conhecido como emprego, criado na Era Industrial e popularizado através do trabalhador de escritório ou da fábrica, está no limite de sua vida útil. Desenhado para um mundo mais estável e previsível, onde o papel do chefe era importante, ele vem sendo cada vez mais questionado como modelo para esses novos tempos. Seu substituto será um modelo mais leve, ágil e baseado em competências e habilidades.

A palavra emprego traz um conjunto de simbologias e memórias que estão caducando. Local e horário fixo, por exemplo. O escritório fazia sentido, quando lá tínhamos acesso a equipamentos e facilidades indisponíveis fora dele. A tecnologia tornou o escritório redundante. Podemos trabalhar de qualquer lugar e em qualquer horário.

Um novo modelo de trabalho nos permite ir além e somos alocados para tarefas ou projetos de acordo com nossas competências e habilidades.

Quer um exemplo? Fui convidado para participar de uma equipe de trabalho onde era o responsável pela estratégia de comunicação e marketing para a Secretaria de Turismo do Estado da Bahia. Era especialista em turismo? Não, mas tinha o conhecimento necessário. Esse projeto tinha início, meio e fim, o que poderia ser preocupante em uma mentalidade de emprego, mas, pensando em novos modelos de trabalho e aprendizado, a experiência foi incrível.

Cargos vão tornar-se obsoletos. Tenho ouvido profissionais debatendo como evoluir determinados cargos para os novos tempos, quando, na verdade, muitos deles não farão mais sentido.

Isso é resultado de um modelo hierárquico que não espelha mais as necessidades de hoje e, principalmente, de amanhã. Esses modelos foram bem-sucedidos, mas os tempos mudaram e se converteram em um entrave para os negócios.

O chefe tem cada vez mais dificuldade de operar. Criado para controlar e saber mais do que qualquer colaborador de sua equipe, esse papel vem sendo atropelado pelas novas dinâmicas de trabalho. Resultado: microgerenciamento como consequência de uma sensação de insegurança. O líder, por outro lado, ganha espaço. Colaboração é sua forma de operar. Incentiva e potencializa suas equipes. Aceita e incentiva aqueles que têm mais conhecimentos e habilidades que ele próprio. Se vale de sua experiência e inteligência emocional para construir e liderar times de alta performance em prol do negócio, e não de si mesmo.

Qualquer processo de evolução gera desconforto e instabilidade, mas também é rico em novas possibilidades. Desapegar de algumas crenças e experimentar modelos é preciso. Inconscientemente, sempre buscamos mais flexibilidade e fluidez para trabalhar. A oportunidade chegou.

**Crédito da imagem no topo: Alexey Yarkin/iStock

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Quando menos é muito mais

    As agências independentes provam que escala não é sinônimo de relevância

  • Quando a publicidade vai parar de usar o regionalismo como cota?

    Não é só colocar um chimarrão na mão e um chapéu de couro na cabeça para fazer regionalismo