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Opinião

O Google está em pânico

O Google incorporou um novo recurso, sim com Inteligência Artificial Generativa, mas sem mudar substancialmente o que já faz


21 de junho de 2023 - 14h00

Bard-Google-Celular-Credito_Shutterstock

(Crédito: Shutterstock)

O maior buscador do mundo está em pânico e a razão é bastante simples: o crescimento do ChatGPT, que não é um rival diretamente, mas é a sua maior ameaça desde a fundação em 1998.

No último Google I/O, conferência anual do buscador, a palavra “inteligência artificial” dominou toda a apresentação e é uma verdadeira resposta ao chatbot mais famoso do planeta, cujo crescimento aparenta ser imparável.

Para se ter ideia, o ChatGPT, que alcançou a marca de 100 milhões de usuários em apenas 2 meses, não parou até hoje de crescer — a despeito de todos os seus críticos.
Apenas no mês de abril deste ano alcançou a marca de 1,756 bilhões de acessos globalmente. No Brasil, esse número cai para 24 milhões de visitas, o que representa um crescimento de 31% em relação ao mês anterior. Os dados são da Similarweb.
Mas não é só isso.

O modelo conversacional é completamente disruptivo e pode ameaçar a maior fonte de receita: seus anúncios, também conhecidos como “links patrocinados” — que são, em minha humildíssima opinião, um dos canais publicitários mais bem sucedidos da História, porque só mostram anúncios para o consumidor que está confessadamente interessado.

Mas como ficam os anúncios em uma conversa como a do ChatGPT ou até do Google Bard?
Pois é. Não ficam bem, não cai bem ter uma “conversa patrocinada”.

Imagine em uma conversa com um amigo, ou mesmo com o ChatGPT, ao perguntar quais são os melhores tênis de corrida para quem quer começar a correr com o pé direito (com o perdão do trocadilho), as sugestões são geradas e, no meio disso, vêm sugestões patrocinadas.

A empresa de Mountain View sabe disso e, no Google I/O, tentou apresentar uma interface de busca usando IA Generativa que, pasmem, traz potencialmente um monte de anúncios. Na apresentação a busca feita foi [bluetooh speaker for a pool party] (”alto-falante bluetooh para uma festa na piscina”, em tradução livre) e trazia sugestões de produtos.

(Crédito: Divulgação)

Olhando à primeira vista, pode até parecer que o Google já encontrou um meio de como contornar seu recém-rival: implementando inteligência artificial em resultados semelhantes aos seus, mas permitindo que o usuário continue a busca com o buscador “lembrando” do que já foi consultado, tal como acontece com o ChatGPT. O Google incorporou um novo recurso, sim com Inteligência Artificial Generativa, mas sem mudar substancialmente o que já faz.

Em minha em visão, apesar de todo o holofote que o buscador está tentando dar à sua resposta, me parece algo muito mais paliativo do que solucionador, seguindo a máxima de Visconti: “tudo muda para continuar como antes”.

O próprio Bing que, teoricamente, incorporou o ChatGPT aos seus resultados, não percebeu nenhum crescimento significativo no seu tráfego desde a inovação. E, mais do que isso, em março deste ano viu o ChatGPT lhe ultrapassar em número de acessos, também segundo a Similarweb. No Brasil, o mesmo movimento aconteceu.

Enquanto o mercado de redes sociais sempre se manteve instável, com a Meta (ex-Facebook) tendo comprado Instagram e WhatsApp por serem ameaças, e agora ameaçada pelo TikTok, o Google nadava de braçada: nunca recebeu nenhum alerta significativo, tanto que tem 99% do market share de buscas no Brasil, segundo dados da Conversion.

Mas as buscas estão prestes a mudar. O Google já sinalizou isso. A favor dele, devo dizer, está uma base de 84 bilhões de visitas e 3 bilhões de usuários únicos mensalmente, quase metade da população mundial (40% para ser mais exato), e sabemos que hábitos são difíceis de mudar.
O trunfo do Google é o hábito do seu usuário. Mas quem pode negar que uma boa conversa pode mudar tudo?

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