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Opinião

Orçamentos rasos para os Jogos Olímpicos

Temos uma pequena casta de marcas que aceleram mais para ver os jogos passarem rápido do que para engajarem a população


18 de maio de 2016 - 8h17

Passamos os 100 dias rasos para os tão sonhados Jogos Olímpicos do Rio. Tão sonhados que chegamos a dizer que eram mais importantes que o Mundial de Futebol da Fifa em 2014, e assim que o evento futebolístico se encerrou, começamos a conclamar o ciclo olímpico. Foram várias as matérias que apostavam em grandes investimentos das marcas para se aproveitar deste evento múltiplo, democrático e talvez mais justo que os eventos Fifa.

Dois anos se passaram e aquilo que poderia ser um lindo ballet do nado sincronizado, uma prova perfeita de ginástica rítmica, um planejado revezamento, se transforma em cem metros rasos com o agravante de não termos um ícone como Usain Bolt, que roubaria por si só a cena. O que temos é sim uma pequena casta de marcas que aceleram mais para ver os jogos passarem rápido do que para engajarem a população.

Os Jogos Olímpicos são para todos, basta você gostar de algum esporte, mas o Brasil ainda não tem cultura olímpica, e apostávamos tudo para que neste momento estivéssemos ansiosos para o início dos jogos de Rugby, que chegou a ter como meta ser o segundo esporte na preferência do brasileiro até os jogos quando anunciado como esporte olímpico. Queríamos conhecer quem são nossos grandes nomes no golfe que também retorna, trazer para a luz nomes já consagrados em provas não populares, como o pentatlo moderno, ou seja, ir muito além de sonhar com o inédito ouro no futebol masculino.

Mas pouca coisa aconteceu, e mesmo após o acendimento da tocha em Atenas, ainda pouco ouvimos falar sobre o que teremos de irreverente nestas Olimpíadas brasileiras. As marcas que patrocinam os Jogos e suas entidades encolheram os orçamentos, cortaram suas ações e estão fazendo o mínimo, de forma mais do que estratégica, muito agravado pelo cenário político-econômico que o País enfrenta.

Temos bons exemplos de ações, como a Panasonic, que aterrissou parte da cota global por aqui e se tornou um novo patrocinador local, fazendo respirar alguns atletas com pouco apoio, e decidiu investir na revitalização do Morro da Urca como seu QG durante os jogos, deixando um legado para a cidade e seus turistas. A Coca-Cola focou seus esforços para o Tour da Tocha, que se iniciou e nos faz acompanhar com ansiedade seu movimento. O McDonald’s começa a engajar as crianças para participarem da cerimônia de abertura.

Algumas raras exceções como o Bradesco, que chega aos jogos com o já consolidado BRA de Brasil, resultado de quem realmente apostou na plataforma dos jogos, mas a maioria das marcas utiliza apenas um único direito: o selo de Patrocinador Olímpico. Com isso, perdem uma imensa oportunidade, não somente de exposição, mas de trazer valores seculares para seus públicos, internos e externos.

Há ainda a ameaça de vermos poucas ativações das marcas durante o período, que também trará um prejuízo imenso para o trade, que contava com esse momento ímpar para fazer negócios, criar cases numa oportunidade única, mas sobretudo de movimentar a máquina.

O que ainda me dá esperança é o nosso espírito brasileiro e a escolha do ‘olimpo’ da vez ser o Rio de Janeiro, abençoado por Deus, por suas belezas, por seu povo, e predestinado a encantar. Nos resta torcer por esta superação nos momentos finais. Falta pouco para os olhos do esporte e do marketing mundial estarem voltados para o Rio e para o Brasil ser celeiro de boas notícias, algo raro nos dias de hoje.

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