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Opinião

Pequenas vitórias

Não se deix e enganar pelo adjetiv o do título: elas são fonte fundamental de energia e otimismo par a seguir em frente, especialmente quando os grandes projetos não saem como planejado


14 de dezembro de 2020 - 15h52

(Crédito: Tomozina/iStock)

Em duas semanas, nos despediremos. Talvez seja uma boa hora para discutirmos a relação: apesar da certeza de que nunca mais nos veremos, o que passamos juntos certamente ficará marcado para o resto da vida, não só na minha,mas na de bilhões de pessoas mundo afora — que já começaram a dizer-lhe algumas verdades. A revista Time estampou na capa, sem meias palavras, exatamente o que muita gente pensa de você: “o pior de todos os tempos”.

É uma reputação e tanto, dado que tivemos experiências bem ruins anteriormente, nessa jornada de séculos.

Talvez seja isso mesmo. Talvez seja o calor do momento: a história ensina que o tempo tem influência dinâmica na análise dos fatos.Nossas emoções imediatas, abastecidas pela frustração,muitas vezes anuviamo horizonte e impedem um olhar ampliado, assim como as consequências de médio e longo prazo podem levar, posteriormente, a uma mudança de opinião a respeito de um evento catalisador.

Eu mesmo,embora agora cheio de ressentimentos, acusações e dúvidas, já acredito que a gente ainda vá te entender,um dia. Não se anime muito, 2020: provavelmente você nunca será o melhor de todos. Quem sabe possa ser visto como um ponto de inflexão. Sua imagem já melhorou um pouco, sob a chancela de ano em que a vacina para uma doença que se tornou uma pandemia foi desenvolvida no prazo mais curto possível.

Esse viés positivo sobre você já tem um quê quase nostálgico, tão morosa foi sua passagem, entre perdas irreparáveis para muitos, sofrimento dos mais diversos tipos para tantos. Logo que nos conhecemos, a expectativa era outra, permeada por essa ambição de que sonhos se realizem e planos saiam à risca, tão universal quanto utópica— ainda que as doses de volatilidade e incerteza tenham alcança do níveis recordes, a verdade é que o acaso, à espreita, sempre dá as caras.

Com a quota de frustrações do ano superada com folgas, dediquei o mês de dezembro ao reconhecimento de pequenas vitórias cotidianas, provindas do desafio de resolver algo novo e para o qual se dá valor—uma prática comprovada de fonte de energia e otimismo, e que simplesmente esquecemos de praticar, obcecados pelas grandes missões, os projetos hercúleos, que parecem controlar cada minuto de nossas vidas.

Me peguei em êxtase ajudando a criar o layout do convite para o bazar natalino virtual da escola de minha filha. A sensação manteve-se boa mesmo após olhar para a tela do notebook pela segunda vez, e notar que meu trabalho precisaria melhorar um pouco para ser classificado como primário: eu estava embriagado pela satisfação de ter resolvido uma questão que não estava em minha agenda e contribuído para a construção de algo ao qual dera grande relevância, que se tornara a coisa mais importante para mim naqueles 20, 30 minutos.

Dias depois, tive prazer parecido ao consertar a cesta de basquete do quintal de casa, usando somente os parafusos e peças do skate, uma tarefa que eu vinha procrastinando há semanas, depois de tentativas frustradas de resolver o problema por meio das ferramentas mais ortodoxas da caixa.

No fim das contas, planos são somente uma referência do ideal, dentro de cenários minimamente previsíveis.Nunca tudo sai como planejado, e basta uma das variáveis se comportar de maneira inesperada para impactar o resultado como um todo, demandando uma adequação da fórmula.Nosso trabalho é, constantemente, buscar esse reequilíbrio, corrigindo rotas e incorporando possíveis vantagens criadas na jornada, sempre em busca do objetivo traçado.

Estratégia e metas dão Norte. A descoberta do caminho certo, sabiamente já dito, está sujeita ao caminhar.

Aproveito para, em nome do Grupo M&M, desejar Boas Festas e retribuir os votos de um Feliz Ano Novo!

*Crédito da foto no topo: iStock

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