Prêmio, para que te quero?
Premiações devem ser o pontapé inicial de uma estratégia ou a consequência de um projeto bem feito?
Premiações devem ser o pontapé inicial de uma estratégia ou a consequência de um projeto bem feito?
Ao acompanhar o movimento do nosso vasto mercado, é bem possível perceber uma tendência cada vez mais presente na área de relações públicas, o PR na sigla que economiza nas palavras. Ultimamente, muitas agências, ou até mesmo profissionais do setor, têm perseguido incessantemente prêmios, troféus e afins como forma de se tornarem conhecidos. Outra meta, obviamente, é ter algum elemento para valorizar o passe no momento de fechar um contrato. Até aí tudo bem, pois todas as ações de mostrar competência são válidas. Mas veio um questionamento um tanto plausível: qual eficiência uma premiação traz diretamente ao cliente? O prêmio é o início ou o fim do projeto?
Essa tal pergunta me veio à mente após uma informal conversa de almoço com um experiente profissional de importantes redações, campanhas eleitorais e de PR. Na ocasião, ele contou detalhes de um workshop da qual participou com um renomado publicitário, conhecido por campanhas importantes que caíram no gosto da população. Quem não se lembra dos mamíferos da Parmalat ou do slogan “É o amor”, também usado pelo tempero Sazon?
Por isso, o mais importante dessa conversa vem neste exato momento. O mesmo colega de equipe revelou algo um tanto interessante. No workshop, o palestrante criticou a conduta de algumas grandes agências e até mesmo de vários publicitários brasileiros de produzir comerciais focados, única e exclusivamente, para ganhar o tão famigerado Leão de Ouro do Festival Internacional de Criatividade de Cannes, considerado uma das mais importantes premiações do gênero no mundo. Ele foi enfático ao dizer que as tais campanhas não têm se preocupado com a parte principal dos envolvidos: o consumidor.
Inclusive, o publicitário deixou claro que não se faz mais algo para o público alvo. E o que mais chamou a atenção foi justamente isso partir de alguém que já foi premiado em Cannes. Pareceu ser algo um tanto lúcido em meio a uma feroz batalha por troféus ou algo alusivo. A partir daí, e de volta ao nosso universo de PR, outras lembranças ao longo da carreira chegaram imediatamente, que justamente vão nessa mesma linha.
Após minha passagem na comunicação de uma grande startup, várias agências de PR/assessoria de imprensa participaram de uma concorrência voltada para esse serviço. Muitas delas tinham planos mirabolantes de dominar o mundo, digo, as redações dos veículos de comunicação. No entanto, nenhuma delas entregou um plano plausível que fizesse sentido voltado para o público-alvo e, assim, construir uma reputação da marca por meio da mídia espontânea. Isso se repetiu em outra empresa de e-commerce. Ou seja, mostra uma perfeita falta de sintonia com as pessoas.
Realmente, por essas e outras, várias dessas agências de PR saem até mesmo no tapa em busca de premiações e condecorações do gênero. Claro, obviamente isso ajuda a se consolidar, crescer a sua própria marca e se estabelecer no mercado. Mas aí vem outra pergunta. Qual seria o termômetro para medir o sucesso junto aos clientes? Enquanto ainda não existe uma resposta para as duas perguntas que vieram ao pensamento, a meta continua em focar sempre no assessorado para ser eficiente do ponto de vista estratégico, com o objetivo construir a sua boa reputação. Quanto ao prêmio? Que isso venha como consequência de um bom trabalho, mas para contemplar a campanha do beneficiado, que é o lado mais importante da história.
**Crédito da imagem no topo: Baona/iStock
Compartilhe
Veja também