A genialidade humana que guia a IA: destrave a inovação
A inovação só acontece quando tecnologia encontra repertório humano, coragem criativa e troca real
“Inovação” virou palavra comum em briefings, metas e discursos de liderança. Todo mundo quer inovar. Mas, na prática, poucos saem da zona de conforto para transformar ideia em ação. O gap entre o que se fala e o que se faz trava a comunicação hoje.
Em 2021, uma pesquisa que realizei com 15 líderes de marketing mostrou que 90% deles acreditavam que o papel do CMO precisaria mudar nos três anos seguintes. O tempo passou. E o que mudou de fato?
Essa renovação é urgente. Falta coragem para tirar a inovação do discurso e levar para a prática, seja na sua campanha, no pitch ou no job.
A dúvida bate: “por onde começo?”, “o que é realmente novo?”, “será que isso já foi feito?”. Se você já sentiu esse vazio criativo, não é falta de talento, é um sistema esgotado. E a metodologia de inovação pode ajudar, não prender, desde que tenha muita troca e prática real.
O que os dados revelam sobre o mercado
O mercado pediu inovação. Os profissionais responderam com ferramentas. Será que isso basta?
A IA deixou de ser tendência e virou infraestrutura. No Brasil, o State of Marketing 2024, da Salesforce, ouviu mais de 8 mil líderes em 20 países e mostrou que os profissionais brasileiros estão focados em três prioridades: inovar, melhorar o uso de ferramentas e tecnologias e ampliar a colaboração.
O Scape Report IA Marketing 2025, da Pipeline Capital com o IAB Brasil, mapeou 396 empresas que oferecem soluções de IA voltadas ao marketing. Marketing & Vendas, IA Generativa e AI Analytics são os segmentos mais fortes, sinal de que a inovação está se movimentando justamente onde há mais pressão por resultado.
Globalmente, esse desejo de inovar também já se reflete nos números. Um estudo do BCG, que se chama ‘’A Bold AI Ambition for B2B Marketing, Sales, and Service’ com mais de 900 executivos mostra que 70% dos líderes em marketing, vendas e atendimento já colocaram ao menos dois casos de uso de GenAI em prática. E 74% esperam que a tecnologia melhore métricas-chave de negócio, como eficiência e vendas.
Os dados são claros: a IA é o motor da inovação. Mas o salto real acontece quando essa tecnologia encontra a genialidade humana, como no fenômeno Marisa Maiô.
Marisa Maiô: onde a genialidade humana encontra a IA e conquista o Brasil
A inteligência artificial tem sido o buzz do momento, e com razão. Trago um exemplo de como a fusão entre criatividade humana e IA pode gerar fenômenos de impacto real no cenário da comunicação. O caso de Marisa Maiô (@marisamaiooficial), a persona por trás do fenômeno, é a apresentadora de um programa de auditório surreal, com uma estética que remete ao “trash” brasileiro, repleto de frases sem sentido, uma plateia peculiar e um toque de absurdo que beira o genial. Criada com o auxílio do Veo 3, a tecnologia de IA do Google.
O que começou como uma experiência digital, idealizada por Raony Phillips, roteirista e diretor do projeto, explodiu em popularidade, acumulando milhões de visualizações, virando meme, gerando entrevistas e conquistando fãs. Atraiu o olhar de grandes marcas, que a incorporaram em suas campanhas publicitárias, provando que a IA realmente “saiu da ficção” para se integrar de vez ao mainstream da publicidade.
O que realmente faz a diferença é o roteiro afiado e o domínio da linguagem cultural. Todo o conceito, a narrativa e o humor são obra puramente humana.
Para destravar e impulsionar esse processo criativo, veja alguns caminhos que podem ajudar seus times.
Como destravar o processo criativo?
Crie um “Buzz Criativo” fora da rotina
Promova encontros presenciais em ambientes inspiradores (fora da sala de reunião), com tempo dedicado à troca de ideias. Não precisa de estrutura cara: o importante é abrir espaço para o pensamento livre, com menos PowerPoint e mais conversa.
Traga vozes diversas para a conversa
Convide pessoas de fora do time direto: o cliente, um parceiro da agência, artistas, influenciadores ou mesmo consumidores. Essa pluralidade traz repertório novo, quebra vieses internos e tira as equipes dos padrões repetitivos.
Valide ideias em tempo real
Durante a construção de campanhas, crie momentos de escuta direta com consumidores. Pode ser via entrevistas rápidas, testes de conceito ou rodas de conversa. Além de gerar insights, isso valida as ideias com quem realmente importa.
Trate o briefing como ponto de partida, não de chegada
Briefings rígidos podem limitar a inovação. Traga o time para co-construir hipóteses, explorar contextos e questionar premissas. Um bom briefing orienta, mas não engessa.
Use a IA como seu aliado criativo
A inteligência artificial não é bicho de sete cabeças, nem o fim da criatividade humana. Pense nela como uma ferramenta para te ajudar. Em vez de temer ou usá-la só para o básico, abrace a IA. Ela pode organizar suas ideias, te dar novos rumos e até validar conceitos.
O lance é não deixar que a tecnologia trave seu processo. Pelo contrário: ela deve ser o atalho para suas ideias mais ousadas, te libertando das amarras técnicas para focar no que realmente importa: a criatividade.
Inovação não nasce do nada. Ela acontece no encontro de pessoas, ideias e olhares diversos. O novo se constrói junto, passo a passo.