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Síndrome da Impostora e a busca pela perfeição imaginária

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Opinião

Síndrome da Impostora e a busca pela perfeição imaginária

Origem do sentimento equivocado de não estar à altura do cargo que ocupa, que afeta as mulheres em particular, passa pela comparação com o outro e pela estrutura patriarcal da sociedade


31 de outubro de 2022 - 17h42

(Créditos: Blue Planet Studio/shutterstock)

A Síndrome da Impostora era algo bastante presente na minha jornada profissional até alguns anos atrás, quando passei por um processo de mentoria e pude perceber qual era a raiz desse problema. Eu tinha o hábito de me comparar com as outras pessoas, o que faz mal, pois, assim, acabamos nos esquecendo do que há de melhor em nós mesmas. Ao tentar atingir o nível do outro, acabamos sempre minimizando nossas principais habilidades. Não se comparar é fundamental. O caminho do outro não é o seu. Temos nossas fortalezas e fraquezas, e, no lugar de nos compararmos, é importante aceitarmos que não sabemos tudo, mas que podemos nos desenvolver para chegar lá. Precisamos ser gentis com nós mesmas, olhar para tudo o que construímos e reconhecer nossas próprias vitórias.

As pesquisadoras norte-americanas Pauline Clance e Suzanne Imes, da Universidade da Geórgia, cunharam o termo “Síndrome do Impostor” quando escreveram o artigo acadêmico The Impostor Phenomenon in High Achieving Women: Dynamics and Therapeutic Intervention, que, numa tradução livre, seria O Fenômeno Impostor em Mulheres de Alto Desempenho: Dinâmica e Intervenção Terapêutica, em 1978. A origem foi uma pesquisa feita por elas com 150 mulheres bem-sucedidas em suas carreiras, mas que não conseguiam se convencer disso.

Ou seja, embora o termo hoje em dia seja usado tanto para homens quanto para mulheres, a própria origem desse sentimento veio de um estudo feito com pessoas vitoriosas do sexo feminino. Se por um lado dá um certo alívio saber que não estamos sozinhas, por outro, surge a pergunta: por que essa sensação de não estar à altura das funções que desempenhamos, tanto no ambiente profissional quanto acadêmico, afeta mais as mulheres do que os homens? A verdade é que o sistema foi projetado para funcionar no modo masculino graças à estrutura patriarcal da nossa sociedade. Na verdade, de boa parte das sociedades.

Segundo um estudo feito, em 2020, pela consultoria KPMG com mais de 700 profissionais norte-americanas, 75% delas afirmaram ter experimentado pessoalmente a Síndrome da Impostora em algum (ou alguns) momento(s) da sua carreira. As mulheres ouvidas na pesquisa são executivas de alto desempenho e que estão a poucos passos do primeiro escalão das empresas. E apesar de todas as evidências de reconhecimento na carreira, com promoções e conquistas profissionais, elas nem sempre são capazes de reconhecer internamente esse valor.

Como disse no início do texto, a Síndrome da Impostora também me afetou durante anos e foi graças a um processo de autoconhecimento, no qual identifiquei os mecanismos de defesa que disparavam essa sensação, que passei a respeitar minhas falhas e a reformular o pensamento da busca incansável por uma perfeição imaginária.

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