Só três pessoas

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Opinião

Só três pessoas

Se fosse começar um negócio hoje, eu contrataria com base em princípios, resiliência, bom humor, curiosidade, inteligência e experiência


8 de maio de 2018 - 16h32

Créditos: Jolkesky-iStock

Quais seriam as três primeiras pessoas que você contrataria se fosse começar um negócio hoje? A pergunta é despretensiosa, mas respondê-la não é tão simples assim pois as características deste trio dizem muito sobre seus próprios valores. A resposta serve também como termômetro para o seu ambiente de trabalho hoje. Quanto das pessoas ao seu redor são como estas três? Nos meus vinte e tantos anos de trabalho, tive a sorte de encontrar muita gente boa, mas para escolher só três, tive que pensar muito. Estes seriam meus critérios:

Princípios. O meu primeiro critério são os valores morais da pessoa. Como ela lida com questões éticas. Você pediria demissão do trabalho dos seus sonhos se sua empresa pedisse para você fazer algo ilegal ou imoral? E se ela apenas sugerisse que você ficasse calado, que fosse conivente, mesmo sabendo que uma decisão não era das mais corretas?

Um amigo, presidente de uma agência de propaganda, pediu as contas há poucas semanas quando seu chefe, um reconhecido profissional do mercado brasileiro, “recomendou” que ele mentisse para seus clientes. Disse que ninguém precisava saber, que a mentira era inconsequente e que teria um grande impacto financeiro para a empresa. Meu amigo tomou a decisão difícil e correta. Ficou desempregado, mas não abriu mão de seus princípios. Se eu tivesse que escolher só três pessoas, escolheria os que tem princípios.

Resiliência. Insistir quando tudo parece estar contra você, sem perder o otimismo, faz toda a diferença. Não importa se você trabalha em uma grande empresa ou em uma startup. Fazer as coisas acontecerem requer muito trabalho, desistir é simples. O único problema é que gente que desiste fácil não chega a lugar nenhum.

Vicente Matheus, o folclórico ex-presidente do Corinthians nas décadas de 70 e 80, supostamente disse em uma entrevista: “o jogo só acaba quando termina”. Sua máxima, que valia para motivar seus jogadores a correr nos campos, se aplica também aos atletas corporativos. Se eu tivesse que escolher só três pessoas, escolheria os resilientes.

Bom humor. Não há nada mais chato do que conviver com gente chata. Na vida de um executivo, é impossível evitar os chatos. Especialmente nas grandes empresas, temos que conviver com dezenas deles e delas. São pessoas que têm um impacto negativo na produtividade, na criatividade e no prazer de trabalhar. Quando as pessoas que encaram a vida com bom humor, tudo fica mais fácil. Não há problemas que não possa ser resolvido se com uma atitude for positiva.

Um ex-chefe, recém aposentado, que decidiu trabalhar como consultor, confidenciou-me que a maior vantagem da sua nova profissão era poder escolher com quem trabalharia. Prometeu para si mesmo que não aceitaria nenhum projeto com pessoas que não gostasse. Se eu tivesse que escolher só três pessoas, escolheria os bem-humorados.

Curiosidade. Tenho um profundo desrespeito pelas pessoas que acham que já sabem tudo o que deveriam saber no trabalho ou na vida. Gente que por arrogância ou preguiça, perdeu a curiosidade em aprender e se desenvolver. Não importa a sua profissão, se você trabalha ou se fica em casa. Quando você desiste de estudar, aprender, ler ou viajar você fica cada vez menos interessante. Gente assim não é capaz de pensar grande, de fazer conexões entre coisas aparentemente desconectadas para resolver problemas do dia-a-dia e não tem histórias para contar. É gente sem graça. Se eu tivesse que escolher só três pessoas, escolheria os mais curiosos do mundo.

Inteligência e experiência. Inteligência e experiência são importantes, mas não suficientes. Sem os outros pontos, a inteligência e a experiência não ajudam muito. De que vale um gênio que conhece a fundo o trabalho, mas é um tremendo mau caráter, que desiste fácil, chato e que pensa que sabe tudo de tudo? Se eu tivesse que escolher só três pessoas, escolheria os inteligentes e experientes; mas só os que fossem aprovados em todos os meus critérios anteriores. E você, quais critérios usaria?

 

*Crédito da imagem no topo: Rawpixel/iStock

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