Sònar: música, tecnologia e “cérebro invertido”
Realizado em Barcelona, Sònar – Music, Creative & Technology mostra como a IA está abrindo caminhos para a produção musical criativa
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Eu adoro festivais, seja o carnaval em Salvador ou na Sapucaí, Coachela, Roskilde, Abril Pró-Rock, CoolRitiba, Lolla, Montreux, Mita, não importa, eu adoro. Na minha lista tem no topo Parintins e New Oleans, que vou cumprir em 2024.
Mas tem os que a gente ama, e nesse caso está o Sònar, onde estou nesse momento, em Barcelona, na 30ª edição. O nome completo é Sònar – Music, Creative & Technology – tudo o que mais adoro.
Venho para esse festival desde 2006, já acompanhei a edição dele em Reikjavick, capital da Islândia, que guardo para mim como uma experiência espetacular. Já fiz cobertura jornalística e vivi intensamente todos os espaços, painéis, workshops e shows que poderia comparecer. O que faltou foi estar em cima do palco, mas, aí, a peneira é muito fina.
O que eu venho fazer aqui? Basicamente, inverter o meu cérebro, colocar timbres e sonoridades novas, ver o absurdo sendo tocado como música, como já vi a Vegetable Orquestra. Sim, isso mesmo, uma orquestra de vegetais onde o bumbo era uma abóbora e as flautas mandiocas perfuradas e as pessoas consideravam o maior dos músicos o engenheiro de mixagem, que conseguia fazer tudo aquilo soar perfeitamente (e fazia mesmo!).
Ou a banda do Japão, composta por dois maestros novinhos, um tocando bateria alucinadamente sem interrupção por meia hora e o guitarrista fazendo sons que até hoje não identifico. Já vi uma outra japonesa tocar uma orquestra de vidros com formatos lindos. Isso tudo no Sonar by Day, em que se vê as atrações mais cabeçudas.
No Sonar by Night já é outra história. É balada mainstream de altíssima qualidade. Já vi Massive Attack, Underworld, Chemical Brothers e até a banda Chic com Niel Rogers tocando aquela guitarra mágica que costura toda a música pop. Já ouvi as estreias de Anderson Paak, Janelle Monáe e Buraka Som Sistema, sendo lançados e colocando a pista abaixo. Já curti com meu amigo Jarbas Agneli o Sonar L’Spazzio, com 12 sistemas completos de caixas e amplicadores HI-FI Machintosh, com a condução de James Murphy e Tiga, mais convidados, fazendo sets de seis horas e o som mais perfeito que já ouvi em uma balada.
Esse ano, eu e o meu grande brother Gabriel Araújo assistimos ao show do Daniel Lopatim aka Oneohtrix Point Never, produtor executivo do último álbum maravilhoso “Dawn FM do The Weeknd”, música para quem gosta de modulares e som cabeçudo. Como eu digo, alta costura, no Sonar Hall. Em seguida fomos ouvir os timbres lindos e construção inusitada no set da artista nascida em Menphix, Bored Lord, no Sonar Park. E por aí seguiu…
Hoje é sexta-feira, dia de mergulhar em conteúdo e na feira de inovação, que é incrível. Estão entre as coisas que mais me moveram para Barcelona neste ano, principalmente porque tem muita coisa de música com Inteligência Artificial.
Estou muito de olhos, ouvidos, coração e mente ligados nessa história de produção sonora feita com inteligência artificial. A IA está constantemente abrindo novas possibilidades para tecnologias criativas e não vou perder “O que vem a seguir em tecnologia criativa?”, afinal, quero estar por dentro de todas as tendências e avanços que estão moldando a música, a tecnologia audiovisual, a arte e a educação.
Meu maior interesse é a masterclass “Generative AI and the Arts”, com Rhizomatiks, Daito Manabe and Yuya Hanai. E tem ainda a “Open Mic: AI Resonances”, que apresenta três projetos, selecionados por meio do Sónar+D Open Call, que mostram como a IA está impactando o mundo da música.
Em resumo, não dá para resumir. O Sònar é uma experiência que aconselho para todos aqueles que adoram desafiar seus conceitos e encher a cabeça de ideias, timbres, sonoridades e comportamentos novos muito atuais ou em dia.
É um prazer estar aqui, no aniversario de 30 anos desse festival que eu amo – e que vi se transformar nesses últimos 15 anos, tirando a pandemia, claro.
Saio sempre abastecido e muito realizado. Até 2024 meu querido Sònar.
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