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Vício e virtude

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Opinião

Vício e virtude

A pluralidade de opiniões, vivências e perspectivas contribuem para aumentar o nível de acerto, aproxima o produto do mercado consumidor e torna marcas, empresas e relações pessoais mais humanas


27 de agosto de 2018 - 12h10

O novo século aponta algumas direções e um sentido que deve ser comum, o da sustentabilidade. Essa palavra, que chega junto com questões ligadas ao meio ambiente e preservação do planeta, atravessa significados e se impõe como guia de novas ações e pensamentos em todos os espaços e expectativas. A sustentável e transformadora leveza do ser.

O sentido de virtude, apregoado por Aristóteles, ganha cada vez mais relevância sob os pontos de vista da moral e comportamento social. Para ele, não existem virtudes inatas, todas se adquirem pela repetição dos atos, que gera o costume, e esses atos, para gerarem as virtudes, não devem desviar-se nem por falta, nem por excesso, pois a virtude consiste na justa medida, longe dos dois extremos. Qualidade essa que deve ser revista com interesse cotidiano e sempre aprimorada. Viver de acordo com bons princípios, para o filósofo, era um caminho para a felicidade. E quem não quer ser feliz?

Vicio e virtude fazem parte da nossa história de todos os tempos. O vício entra aqui como o avesso feio, mal-ajambrado, da virtude. E, no entanto, ele está presente em gestos comuns, como a recorrência de equívocos ou também, de certa maneira, a recorrência de padrões.

Uma boa vida sustentável deve rever conceitos sem perder de vista os princípios fundamentais para o desenvolvimento da sociedade. O olhar para o outro, seja na vida particular ou corporativa, merece atenção e saltos de inovação. E não creio que alguém escolha o caminho da irrelevância de forma consciente.

É na percepção desse momento que vamos saber identificar com mais clareza os nossos vícios e virtudes. O mundo mudou muito e rapidamente com as redes sociais. Novas lideranças, deles ou delas, estão sendo convocadas a abrir a porta para uma vida onde as relações profissionais e interpessoais vão ficar mais enriquecidas a partir de posturas menos intolerantes e mais cooperativas, e, como consequência, ampliar espaços e sacudir os padrões e valores até agora praticados.

De forma objetiva, a pluralidade de opiniões, vivências e perspectivas contribuem para aumentar o nível de acerto, aproxima o produto do mercado consumidor e torna marcas, empresas e relações pessoais mais humanas. Diariamente, por exemplo, vemos produtos e empresas com novos posicionamentos, novas mensagens e políticas de RH em movimento, cheias de erros e acertos. E o erro é distinção daqueles que não se deslocam.

Alguns exemplos do que já vi e ouvi: empresa que implementou estratégia para crescimento das mulheres, frustrou os homens e começou a perder talentos. Ajustou e equilibrou. Política de recrutamento que pesou a mão na seleção e rejeitou em série candidatos bem formados sob a pecha de que eram privilegiados. Ajustou e equilibrou. Campanhas que não lidaram bem com os temas LGBTQ e raça e foram tiradas do ar. Repensaram e evoluíram.

E será assim. Estamos todos — marcas e pessoas — procurando uma nova maneira de ser.

Há um provérbio atribuído aos judeus que fala mais ou menos assim: o seu inimigo existe até que você ouça a história dele. É por aí. Em vez de enaltecermos as nossas diferenças, por que não exaltamos o que temos em comum? Por que temos receio em conviver, compartilhar decisões ou mesmo ficar próximos de pessoas que, vistas de longe, nos parecem diferentes ou inferiores?

A nossa interseção é maior que os conjuntos, portanto, o que nos une é mais poderoso do que o que nos difere. A virtude da cooperação tem de superar o vício da superioridade. Dá trabalho, mas vale a pena.

*Crédito da foto no topo: Nick Collins/Pexels

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