Como a IA vai transformar o trabalho
No SXSW, especialistas afastam a possibilidade de uma substituição da força de trabalho e alertam para os perigos da resistência por parte da liderança
No SXSW, especialistas afastam a possibilidade de uma substituição da força de trabalho e alertam para os perigos da resistência por parte da liderança
Taís Farias
11 de março de 2024 - 21h02
Desde a explosão do ChatGPT, há pouco mais de um ano, a discussão sobre a inteligência artificial escalou e deixou de ser um tema dos ambientes acadêmicos e tecnológicos para fazer parte da vida cotidiana. Entre uma série de debates e discordâncias trazidas pela IA, está o trabalho. Se de um lado, existe a promessa de mais produtividade e menos funções repetitivas. No outro, há o risco de a automação em IA substituir postos de trabalho humanos.
No início do ano, um estudo divulgado pelo FMI apontou que cerca de 40% dos empregos do mundo serão impactados pela inteligência artificial. Em economias desenvolvidas, esse número saltaria para 60%.
Em contrapartida, no mesmo mês, um levantamento do Laboratório de Ciência da Computação e Inteligência Artificial do MIT afirmou que apenas 23% dos salários pagos a humanos para tarefas manuais teriam automação economicamente atraente.
No SXSW, de modo geral, a inteligência artificial trouxe o futuro do trabalho para os holofotes com uma série de painéis discutindo sua conexão. E, de modo geral, a análise é otimista. Para Nickle LaMoreaux, sênior vice-presidente e chief human resources officer da IBM, o número de trabalhos que realmente pode ser substituído é pequeno.
Além disso, ela defende que, com a taxa de natalidade caindo em grandes mercados a base de talentos disponíveis no futuro pode não sustentar a economia. Nesse sentido, a IA poderia ser uma reposta.
“Nós estamos com medo da coisa errada”, afirmou LaMoreaux. Para ela, o gerador de tanta insegurança não deveria ser uma possível substituição dos postos de trabalho, mas sua transformação. “Nós estamos preparados para como eles vão mudar?”, provocou.
Enquanto existe uma discussão sobre a possibilidade da IA reduzir, sobretudo, cargos de entrada no mercado de trabalho. Os executivos acreditam que as gerações mais jovens saem na frente por já estarem experimentando as ferramentas no seu ambiente pessoal antes mesmo do trabalho.
“Eu nunca mais vou precisar pagar alguém para passar metade do seu tempo preenchendo planilhas. Ele vai poder mentorar, criar planos de aprendizado. Isso ajuda a economia a crescer”, analisa a CHRO da IBM.
Enquanto a tecnologia vira commoditie, eles apostam no desenvolvimento das chamadas soft skills. Jim Link, chief human resources officer da Society for Human Resource Management, defende habilidades como a persuasão e a influência. “Você pode ser a pessoa mais tecnológica do planeta, mas se não as tiver provavelmente vai perder oportunidades”, conta.
Ex-gerente geral da IBM, vice-presidente da Amazon Web Services e atual diretora de operações da Unstoppable Domains, Sandy Carter abriu seu painel dizendo que para lidar com inteligência artificial os executivos precisavam parar de resistir e começar a aprender.
“É impossível garantir que você tenha todas as respostas certas, mas é preciso fazer as perguntas”, afirma Carter.
Em seu relatório, ela apresentou um crescimento exponencial da IA, sem previsão de desaceleração. Segundo a pesquisa da Unstoppable, 80% das empresas dizem querer crescer seu uso de IA. Em paralelo, em um ano, a automação teria aumentado em 25%. “Times que são rabbits conseguem se adaptar melhor a essa mudança exponencial”, defende.
Os “rabbits” ou times coelhos são um conceito que a executiva desenvolve em seu livro O Tigre e o Coelho, sobre IA, Web 3 e metaverso. Os coelhos teriam maior agilidade para impulsionar a inovação.
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