Conexão: a estratégia esquecida do engajamento
Se a conexão é um preditor tão poderoso de bem-estar, talvez também seja o elemento que falta para transformar o impacto de tudo que produzimos
Se a conexão é um preditor tão poderoso de bem-estar, talvez também seja o elemento que falta para transformar o impacto de tudo que produzimos
11 de março de 2025 - 11h09
Por muito tempo, acreditamos que a felicidade era o objetivo final. Criamos campanhas inspiradoras, construímos narrativas otimistas e alimentamos um feed incessante de positividade. Mas e se estivermos errando o alvo?
A cientista social Kasley Killam defende que conexões humanas são o verdadeiro motor do bem-estar – mais do que alimentação, exercícios ou até a felicidade momentânea. Estudos mostram que pessoas socialmente conectadas têm 50% menos risco de mortalidade precoce. No entanto, vivemos em uma era onde a ilusão da conexão substituiu a experiência real. Mensagens rápidas, interações fugazes e estímulos instantâneos nos fazem sentir que estamos sempre conectados, mas será que estamos, de fato?
O paradoxo da era digital é algo que nunca estivemos tão acessíveis e, ao mesmo tempo, tão distantes. Passamos horas navegando nas redes sociais, consumindo conteúdos projetados para captar nossa atenção, e por outro lado cada vez menos criamos vínculos duradouros. A internet transformou atenção em moeda. Likes, compartilhamentos e visualizações são contabilizados como engajamento, mas será que isso significa algo? Se tudo é consumo rápido, o que realmente permanece? O que faz uma ideia, um conteúdo ou um projeto se tornar relevante não é sua capacidade de capturar atenção, mas de criar pertencimento.
A neurociência confirma esse efeito. Estudos indicam que o cérebro humano responde mais intensamente a interações significativas do que a simples exposição passiva a conteúdos. Não é à toa que comunidades, fóruns e grupos de discussão continuam sendo espaços altamente engajadores, mesmo sem os recursos visuais e algorítmicos das grandes plataformas. No final das contas buscamos reconhecimento, reciprocidade e conversas que vão além do supérfluo.
E quando olhamos para os formatos de sucesso, o que vemos? O TikTok cresce porque seus usuários não apenas assistem, mas participam. O Spotify Wrapped não apenas entrega uma retrospectiva, mas um reflexo personalizado da identidade de cada pessoa. O crescimento de podcasts e newsletters independentes revela que o público está buscando conteúdos que falam com ele, não apenas conteúdos que falam para ele. O que esses exemplos têm em comum? Eles não são apenas entretenimento – são espaços de identificação e pertencimento.
O que isso significa para todos nós que vivemos imersos nesse fluxo constante de informação e estímulos? Que a busca por viralizar a qualquer custo pode estar custando o mais importante: relevância de longo prazo. Construir conexão exige mais do que chamar atenção – exige presença, envolvimento, troca. Em um cenário saturado de estímulos, a vantagem não está em ser mais alto, mais rápido ou mais viral, mas em criar algo que as pessoas queiram levar consigo.
Se a conexão é um preditor tão poderoso de bem-estar, talvez também seja o elemento que falta para transformar o impacto de tudo que produzimos. Afinal, felicidade é fugaz. Conexão permanece.
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