Sejam empáticos, pelo bem da humanidade
Na era da IA, conexões humanas verdadeiras serão raras…e valiosas
Na era da IA, conexões humanas verdadeiras serão raras…e valiosas
14 de março de 2024 - 13h23
Quando se fala sobre inteligência artificial e os rumos para os quais ela vem levando o mercado, a preocupação com os lucros e cargos ganham destaque. Mas é imprescindível refletir se, na busca pelo ponto de chegada, estamos nos esquecendo que o centro da jornada sempre deverá ser os seres humanos.
Colocar as pessoas na base do processo de estabelecimento da IA é muito mais desafiador do que parece. Um dos pontos mais discutidos sobre essa ‘revolução da empatia’ é o quanto as ferramentas de IA tendem a reforçar as chamadas “bias”, ou vieses preconceituosos sobre um grupo de pessoas em comparação a outro.
Para exemplificar a questão das bias, a especialista no assunto Dra. Joy Buolamwini revelou dados alarmantes em sua última palestra em Austin. Segundo a pesquisa da cientista PhD do MIT, a precisão de identificação de faces da IBM reduz de 94,4% para 79,7% quando passamos de homens para mulheres. Numa comparação mais específica, a precisão das datatechs para identificação facial de mulheres pretas apresenta uma disparidade de 34% em relação aos homens brancos.
A falha na identificação não é um defeito da IA, ela retrata padrões de pensamento da sociedade formulados a partir dos dados recolhidos e – essa é a parte mais determinante – reforça tais padrões. Comissões estão sendo formadas ao redor do mundo a fim de buscar estratégias sociais para solucionar esse problema – entre elas a Algorithmic Justice League, da própria Dra. Buolamwini -, mas ainda enfrentam muitas barreiras tecnológicas e humanas.
Essa luta para reintroduzir a humanidade nas narrativas de mercado vai além dos centros de estudo sobre o tema. Os diretores de cena Daniel Kwan e Daniel Scheinert, criadores do premiadíssimo longa metragem Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo fizeram um apelo ao público na última terça-feira para que se lembre diariamente de resgatar as conexões humanas nos próximos anos de mudança social acelerada. Para eles, é o relacionamento além das telas que deve pautar as histórias que contaremos a partir de então.
A dupla ainda discorre sobre o poder que as histórias têm de reconciliar paradoxos e transcender dicotomias entre gêneros, temas e pontos de vista. Produtos de entretenimento como filmes, conteúdos nativos online e até mesmo propagandas terão portanto a capacidade e a responsabilidade de construir perspectivas de mundo mais inclusivas, justas e empáticas.
Boas perspectivas são imprescindíveis numa era de transformações onde a previsão é o aumento da disparidade social em diversos setores da sociedade. O mundo que vamos construir a partir daqui não é apenas tecnológico, ele também é humano e deve ser pensado sem nunca nos esquecermos daquilo que, acima de qualquer coisa, nos torna humanos: a habilidade de se colocar no lugar do outro.
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