Talento

Liderança Z: 37% já são gestores e encaram desafios

Jovens líderes priorizam o equilíbrio entre entregas e bem-estar, enquanto buscam mais apoio das empresas

i 10 de julho de 2025 - 6h00

Em sua quinta edição, a pesquisa Futuro do Trabalho, desenvolvida por Cintia Gonçalves, fundadora da consultoria Wiz&Watcher e sócia da Suno United Creators, traçou um perfil das lideranças da Geração Z. Ao todo, dos 416 respondentes entre 15 e 28 anos, 37% já ocupam posições de liderança.

Liderança Z:

Liderança Z: Nicolle Merhy, Luiz Menezes e Renan Damascena (Crédito: Arthur Nobre)

Ao assumirem esses cargos, eles contam com desafios próprios. A pesquisa destaca conseguir fazer com que o time entregue sem impactar o equilíbrio de vida (15%), entender todas as demandas e priorizá-las (14%) e identificar quando pedir ajuda (11%). Existem ainda outras dimensões.

Luiz Menezes, fundador da Trope, consultoria que propõe cocriar soluções de negócios com a Geração Z para as marcas, narra ainda sentir resistência para com a figura de líder da GenZ. Ele conta que, algumas vezes, ouviu ser muito jovem para ocupar tal posição.

“A cobrança vem de muitos lados, no final do dia. Preciso me mostrar duplamente, colocar minhas credenciais à tona, na mesa, para ter credibilidade e conseguir ser validado, enquanto uma pessoa que é líder e que está à frente de um negócio”, conta.

Com passagens pela Wunderman Thompson e Gana, Renan Damascena cofundou e atua como chief strategy officer da Auê, hub criativo de impacto. O estrategista fala sobre a importância de se permitir não saber tudo: “Quando você assume cedo uma posição de liderança, sentimos a pressão de ser impecável. Mas, a maturidade vem quando você entende que a vulnerabilidade também é liderança. Então, delegar, pedir ajuda, cuidar da saúde mental. Tudo isso exige um desapego de ego e uma boa dose de autoconhecimento”.

Responsabilidade das empresas

Nesse contexto, também é uma responsabilidade das companhias ajudarem os profissionais nesse desenvolvimento. Segundo Lucas Toledo, diretor-executivo da Michael Page, alguns dos principais desafios estão em estruturar rotinas e práticas de gestão com método e periodicidade. Ele também cita a organização de uma agenda semanal com foco na priorização de tarefas e resolução de problemas.

“É importante oferecer um espaço seguro para que erros sejam vistos como parte do processo de aprendizado. Este novo gestor precisa de apoio no desenvolvimento de people skills ou habilidades pessoais”, descreve o executivo da Michael Page.

Nicolle Merhy começou sua carreira como atleta de jogos eletrônicos. A compreensão de que o mercado publicitário não sabia falar a linguagem dos games levou a executiva para o universo do marketing. Em 2022, sua empresa, a Black Dragons, se tornou sócia do Grupo Dreamers criando uma unidade no grupo voltada aos eSports.

A executiva conta ter tido esse apoio para liderança no Grupo Dreamers e destaca a importância desse processo. “Eu entrei para o grupo como um prodígio, um talento a ser lapidado e eles realmente quiseram lapidar”. E continua: “É os líderes trazerem não só os apontamentos do que precisa melhorar, mas também os caminhos, as ferramentas”.

Alinhamento de valores

Diretor de estratégia e tendência da Futures Unit by Box 1824, Rafael Silva, destaca que a liderança para esse público não é sinônimo de poder e, sim de valor. Eles precisariam ser preparados emocional e cognitivamente para conduzir.

“Oferecer apoio psicológico, ressignificar o erro como parte do aprendizado, estimular práticas regenerativas de trabalho e, principalmente, alinhar os valores organizacionais com os dessa nova liderança são estratégias indispensáveis”, aponta Silva.

Igor Chohfi, cofundador da Rede Pavim, empresa especialista na GenZ que oferece palestras e treinamentos corporativos, também ressalta o alinhamento de valores: “O principal desafio da Geração Z ao assumir os cargos de liderança é balancear o que a empresa espera de um líder e o que o jovem gostaria de colocar em prática para ser uma liderança. Porque, hoje em dia, ainda temos uma liderança muito tradicional nas empresas. A Geração Z, quando assume, quer fazer coisas que esperava do seu líder”.