Taís Farias
27 de maio de 2025 - 17h00
Aos 59 anos, Marcelo Melchior soma 37 trabalhando na Nestlé. Começou na companhia como trainee de vendas, em 1988, e passou por mercados como Suíça, Peru, Venezuela e México.

O publicitário Nizan Guanaes e Marcelo Melchior, CEO da Nestlé da Nestlé Brasil no segundo episódio do CEO’s Talk Show (Crédito: Arthur Nobre)
No comando da companhia de alimentos há sete anos, o executivo defende que as marcas não podem renegar o seu legado. Para ele, a resposta para o sucesso e a longevidade de um negócio – e dos executivos – é a evolução constante.
“Você tem que ir melhorando o seu produto base para manter aquele vínculo com o consumidor, senão deixa de ter relevância, como vemos várias marcas que desapareceram porque perderam relevância”, afirma, citando a história de clássicos da companhia no Brasil, como Leite Moça e Ninho.
Com a alta no preço de matérias-primas, como cacau e café, Nestlé tem buscado alternativas para atravessar esse vale sem que as categorias sejam afetadas a longo prazo e repassando o aumento em uma medida menor para o consumidor no preço final.
Marcas e fake news
Com tantos produtos e faces de contato, um dilema contemporâneo das companhias e conviver com as notícias falsas e a desinformação. “Eu acho que não dá para se proteger. O que nós fazemos é lidar com a verdade constantemente. Sai um fake news. Nós, imediatamente, falamos quais são as coisas que estão acontecendo”, conta Melchior.
Para o executivo, as marcas estão sempre em desvantagem frente as notícias falsas uma vez que os consumidores e o público-geral da internet tendem a receber o posicionamento das empresas com desconfiança.
“Tentamos dar fatos, mas sem que sejam fatos chatos demais. Não muito longos, explicando a situação. Mas acho que a interação é a forma mais clara para que se veja que é uma empresa grande, mas é feita por pessoas”.
Perfil de liderança
A partir de sua experiência em diferentes mercados, ele defende que é preciso humildade o suficiente para entender que a estratégia que funcionou em uma região pode não ser a resposta certa para outra e que as lideranças não podem se fechar em suas próprias convicções.
“Se você entra em um lugar já com a solução em mãos, ninguém vai dar opinião e você vai perder a oportunidade de saber o que tem no cérebro das pessoas que estão ao seu redor. Ninguém tem o monopólio de boas ideias. A boa ideia pode vir de qualquer lugar. O nosso principal trabalho, como líderes, é estar de antenas bem abertas para detectar onde tem alguma coisa”, define Melchior.