Opinião

A estratégia de mulheres práticas

Praticidade não é grosseria, mas incomoda quem espera um respaldo emocional como validação

Bárbara Brito

Presidente do Jantar Preto 22 de agosto de 2025 - 15h10

Na vida e no trabalho, mulheres práticas carregam um peso que os homens raramente conhecem: o julgamento. Quando um homem resolve algo de forma objetiva, é visto como líder, sábio, estrategista.

Quando uma mulher faz o mesmo, muitas vezes é chamada de fria, insensível ou “nada maternal”.

E, para algumas, essa tal praticidade é até difícil de exercer, justamente porque a sociedade nos ensina que precisamos ser acolhedoras, emocionais, “boas ouvintes”. Crescemos com o peso de que, se formos diretas demais, podemos ser vistas como duras e até mesmo arrogantes.

Mas ser prática está longe de significar sentir menos. Talvez seja a maturidade para entender que nem tudo merece tempestade em copo d’água. É possível sentir, refletir, processar… e, ainda assim, escolher não se desgastar. Isso pode simplesmente significar autocontrole (risos).

Algumas pessoas precisam do caos para se sentirem vivas, e tudo bem. Mas convenhamos: intensidade não é sinônimo de profundidade. Mulheres práticas escolhem outro caminho — o da clareza, da funcionalidade, da racionalidade, quando necessário.

Praticidade não é grosseria, mas incomoda quem espera um respaldo emocional para validar sua percepção. Não é nosso papel atender à expectativa emocional dos outros, especialmente quando isso custa a nossa paz, concordam?

Nos negócios e fora dele, ser prática é saber onde vale investir energia, conversa e esforço. Não é frieza, é estratégia. Drama não fecha contrato, não soluciona problemas e não constrói futuro. E, na verdade, sofrer em voz alta não te torna mais verdadeira.

Nem todo silêncio é ausência. Nem toda objetividade é falta de empatia. Às vezes, é só maturidade. E, para uma mulher, isso também é sinônimo de força e amor-próprio.