A força e o poder das redes de sororidade feminina nas corporações
Fico muito feliz com o letramento e o esclarecimento da nova geração de mulheres que vem chegando
A força e o poder das redes de sororidade feminina nas corporações
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24 de agosto de 2022 - 7h39
A rivalidade feminina está no inconsciente coletivo, em ambientes familiares, círculos de amizade e no âmbito profissional. Esta competição não é puramente um instinto animal, usado para defesa, mas, sim, uma construção cultural. A minha geração (muito menos as anteriores) não foi ensinada a amar e admirar outras mulheres. Nossas referências – desde os filmes da Disney aos romances da sessão da tarde e às letras de música – sempre foram de rivalidade (velada ou não): a madrasta que não aceita a enteada; as meninas da escola que disputam o espaço e o coração do atleta; a canção sobre a recalcada. E o reforço constante dessa mensagem é uma ferramenta de manutenção do patriarcado, pois uma vez divididas, estamos mais enfraquecidas.
Isso vem também do fato de, por haver menos mulheres em cargos de liderança, precisamos estar sempre lutando para ocupar os poucos espaços que nos são abertos. Como consequência, vimos gerações e gerações de mulheres que não se apoiavam e não confiavam entre si. E, assim, seguiam uma jornada solitária.
Não posso deixar de lembrar que os dados do Brasil refletem claramente a falta da ocupação feminina em espaços de maior hierarquia e poder de fala. No país, menos de 50% das empresas têm mulheres em posições de liderança e representamos apenas 15% dos cargos eletivos, ainda que sejamos 53% do eleitorado.
E como combatemos isso? Uma palavra, que há algum tempo permeia a pauta feminista, sintetiza bem como devemos agir: sororidade. Vindo do latim, o termo, que significa solidariedade entre irmãs, vai além ao promover a empatia, união e acolhimento entre mulheres.
Ainda, é preciso entender que nos momentos que experienciamos a rivalidade feminina, seja em disputas por posições profissionais ou em questões particulares, não podemos culpar as mulheres por isso. E, ao reconhecer que é uma construção cultural, promover o acolhimento e a sororidade.
Neste processo, é importante a construção de movimentos, como redes e grupos de apoio que são verdadeiras fortalezas de crescimento e desenvolvimento para as mulheres. E essas podem ser criadas no ambiente familiar e em círculos sociais, como de amizade, prática de esportes e, claro, dentro das empresas. Afinal, dedicamos grande parte das nossas vidas ao trabalho.
Na L’Oréal, por exemplo, temos a Gaia – rede de empoderamento feminino que eu tenho muito orgulho de ser embaixadora. Em um ano de existência, completado em agosto, conseguiu unir muitas mulheres, falar sobre masculinidade tóxica, discutir vieses, incentivar mentorias. O grupo é organizado em quatro pilares principais (Sororidade, Liderança Feminina, Interseccionalidade e Letramento sobre Sexismo), onde temos oportunidade de discutir pontos inerentes à nossa vivência do feminino umas com as outras, aprendendo, compartilhando experiências e, o mais importante, percebendo que afinal não estamos tão sozinhas assim.
A Gaia veio para mostrar que a sororidade é um superpoder. Reforçar, ensinar e (re)ensinar as mulheres que elas podem e devem amar e admirar umas às outras. Dar a elas um outro repertório, conscientização e referências que muitas vezes são apagadas na nossa cultura.
Fico muito feliz com a força, o letramento e o esclarecimento da nova geração de mulheres que vem chegando, e em perceber o quanto mudou desde que entrei no mercado de trabalho. Mas, ao mesmo tempo, vejo que temos muito a evoluir. Por isso, convido todas as leitoras que acolham, elogiem, apoiem e pratiquem a sororidade com seus grupos de amigas, familiares e no trabalho. Espero que isso seja só o começo de uma grande transformação.
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