Da TV para o TikTok: a jornada empreendedora de Clarissa Millford
Com sua experiência no audiovisual, a fundadora da Academia de TikTokers viu nos vídeos curtos uma oportunidade de negócio
Da TV para o TikTok: a jornada empreendedora de Clarissa Millford
BuscarCom sua experiência no audiovisual, a fundadora da Academia de TikTokers viu nos vídeos curtos uma oportunidade de negócio
Lidia Capitani
18 de abril de 2023 - 11h00
A Academia de TikTokers foi fundada em 2020 por Clarissa Millford e seu sócio, Diego Davoli. De lá para cá, a dupla conseguiu grande sucesso alcançando 15 mil alunos no Brasil. O momento foi oportuno: em plena pandemia, quando o mercado audiovisual desacelerou e as produções paralisaram, Clarissa decidiu investir no formato do momento: vídeos curtos. Logo, com a ascensão do TikTok e dos reels no Instagram, o curso decolou. Por meio de videoaulas, a produtora ensina desde como montar o cenário até escrever um roteiro e editar vídeos.
Nesta entrevista, Clarissa Millford conta sua trajetória profissional e como a ideia para criar a Academia de TikTokers nasceu. Além disso, a empreendedora também revela por que decidiu investir no formato, seus planos futuros para o negócio e as mulheres do mundo digital que a inspiram.
Como foi sua trajetória profissional e em que momento você decidiu empreender?
Minha trajetória profissional começou há 14 anos como produtora executiva audiovisual. Naquela época, eu trabalhava em produtoras que faziam conteúdo para TV aberta e fechada. Já em 2011, fundei a Remo Assessoria, uma produtora audiovisual que trabalha com diversas plataformas, desde TV aberta e fechada até redes sociais, como TikTok, Youtube, IGTV e Facebook Watch. Nesse meio tempo, desenvolvemos mais de 20 obras, algumas delas adquiridas pelo Netflix, Amazon Prime, e Universal TV. Também fomos reconhecidos pela originalidade em festivais internacionais como Sundance, Locarno, Berlim e Roterdã.
Já durante a pandemia, em julho de 2020, fundei a Academia de TikTokers juntamente com meu sócio Diego Davoli. Hoje, somos a maior escola de ensino de vídeos curtos com ênfase na plataforma TikTok e no Reels (Instagram) no Brasil. Atualmente, a escola conta com mais de 15 mil alunos e inúmeros casos de sucesso de empreendedores e autônomos que utilizam as redes para alavancar seus negócios.
A minha trajetória profissional me permitiu desenvolver habilidades importantes para a minha carreira empreendedora, como liderança, visão estratégica, capacidade de adaptação e inovação. Assim, acredito que a produção de conteúdo relevante e original é essencial para alcançar e engajar o público, seja qual for a plataforma utilizada.
Conte um pouco sobre o momento atual da Academia TikTokers e quais seus planos futuros para a empresa?
A Academia TikTokers está em um momento de grande crescimento e consolidação no mercado de educação online. Ultimamente, o mercado de educação online no Brasil tem se expandido significativamente, especialmente após a pandemia. Segundo um estudo da Abstartups, o setor de edtechs (empresas de tecnologia voltadas para a educação) cresceu 70% no Brasil em 2020. Isso se deu pela adoção de ensino remoto e a necessidade de capacitação profissional.
Além disso, 87,5% dos profissionais afirmaram que investem em produção de conteúdo para redes sociais nos últimos 12 meses. Logo, isso evidencia que os profissionais estão cada vez mais conscientes da importância das redes sociais para o sucesso de seus negócios. Assim, buscam se capacitar para produzir conteúdo de qualidade e se posicionar nessas plataformas.
Estamos em um ótimo momento para atender a essa crescente demanda por capacitação nesta área. Nossos planos futuros incluem o lançamento de outros cursos no nosso segmento. Sendo assim, estamos considerando a contribuição das ferramentas de inteligência artificial para aprimorar a produção de conteúdo no âmbito digital. Outro objetivo é atender o universo corporativo. Dessa forma, queremos oferecer treinamentos e capacitação de produção de vídeos curtos para essas plataformas, com foco em empresas que desejam se destacar no mundo digital.
Por fim, planejamos expandir a Academia de TikTokers para outros países da América Latina, aproveitando a nossa experiência em produzir conteúdo relevante e de qualidade para as redes sociais e para as plataformas de streaming.
Por que você decidiu focar em vídeos curtos? Qual o diferencial dos vídeos em comparação aos conteúdos estáticos?
Decidi focar em vídeos curtos porque percebi que as plataformas de redes sociais estavam cada vez mais dando destaque a esse tipo de conteúdo. E isso se intensificou com o surgimento do TikTok, que revolucionou a forma como as pessoas consomem e produzem conteúdo em vídeo.
O diferencial dos vídeos em comparação aos conteúdos estáticos é que eles permitem que as marcas se conectem com seu público de uma maneira mais pessoal e autêntica, gerando um maior engajamento e proximidade. Os vídeos curtos também têm a capacidade de transmitir mensagens de forma rápida e eficiente. Isso porque eles capturam a atenção dos usuários que estão cada vez mais sobrecarregados de informações na internet.
De acordo com a pesquisa Digital 2022, realizada pela Hootsuite e We Are Social, os usuários de internet passaram em média 2 horas e 22 minutos por dia assistindo vídeos online. Além disso, a pesquisa aponta que o consumo de vídeos em plataformas como o YouTube, Instagram e TikTok, está crescendo mais rápido do que qualquer outro tipo de conteúdo online. Isso mostra como os vídeos curtos estão ganhando cada vez mais espaço na rotina dos usuários e se tornando uma estratégia essencial para quem quer marcar presença no digital.
Dessa forma, com a popularização das ferramentas de edição e produção de vídeos, é possível produzir conteúdo de qualidade com praticamente nenhum investimento além de um celular. O que torna essa estratégia mais acessível para empreendedores e pequenas empresas. Por esses motivos, acredito que o foco em vídeos curtos seja uma tendência que veio para ficar e se consolidar como uma das principais formas de comunicação e marketing na internet.
Você já teve algum tipo de sentimento de autossabotagem? Como lida com essa situação e quais dicas dá para as mulheres que se sentem assim nos projetos, áreas e lugares em que atuam?
A questão da autossabotagem é algo que acredito que todos nós, empreendedores, em algum momento, já enfrentamos. No meu caso, em diversas situações, senti insegurança em relação a tomar decisões importantes para o meu negócio, nos próprios vídeos, ou até mesmo em relação ao meu potencial como empreendedora. No entanto, aprendi que a melhor forma de lidar com esse sentimento é reconhecê-lo e buscar formas de superá-lo.
Uma dica importante que eu posso dar para as mulheres que se sentem assim é buscar apoio em sua rede de contatos. Outros exemplos são mentoras, grupos de empreendedorismo e networking. Além de buscar informações e conhecimentos em cursos que possam ajudá-las a se sentir mais confiantes em suas tomadas de decisão.
Além do mais, é fundamental também se cercar de pessoas que acreditam no seu potencial e que possam incentivá-la em momentos de insegurança. Outra dica é adotar uma mentalidade de crescimento, em que os erros são vistos como oportunidades de aprendizado, e não como fracassos. Logo, isso permite que se mantenha o foco nos objetivos e se tenha a perseverança necessária para superar os desafios que sempre surgirem no caminho.
Quais mulheres do mundo da influência digital você admira e se inspira?
Existem muitas mulheres incríveis no mundo digital que eu admiro e me inspiro. Uma delas é a Natalia Arcuri, que é uma empreendedora e influenciadora digital muito bem-sucedida no Brasil, e já ajudou milhões de pessoas a melhorar sua relação com dinheiro. O que mais admiro na Natália é a maneira como ela transforma um assunto considerado complexo em algo simples e acessível. Dessa forma, ela ajuda as pessoas a alcançarem seus objetivos.
Outra mulher que admiro é a Lu Ferreira, que além de ser uma influenciadora de sucesso, também é empresária e mãe. Além delas, também me inspiro em mulheres que têm uma pegada mais política e de ativismo nas redes sociais, como a Gabriela Prioli, que utiliza sua influência para falar sobre temas importantes e engajar sua audiência em causas sociais.
Djamila Ribeiro é outro exemplo de uma escritora, filósofa e ativista pelos direitos das mulheres e das pessoas negras. Em resumo, todas essas mulheres me inspiram de alguma forma, seja pelo seu trabalho, pela sua postura nas redes sociais ou pela sua atuação em causas importantes.
Por fim, indique três filmes, séries ou livros que você consumiu e que indica para outras pessoas.
Eu sou uma pessoa bastante ligada em cultura e consumo bastante conteúdo audiovisual e literário, então é difícil escolher apenas três indicações. Mas vou tentar selecionar algumas obras que, de alguma forma, me marcaram e que acredito que possam ser interessantes para outras pessoas.
“Girlboss” é uma série de comédia-dramática da Netflix inspirada na história real da empresária Sophia Amoruso, fundadora da loja virtual Nasty Gal. A trama acompanha a jornada de uma jovem rebelde que se torna uma empresária bem-sucedida, enfrentando desafios e aprendendo lições valiosas ao longo do caminho.
“Estrelas Além do Tempo” é um filme baseado em fatos reais que conta a história de três mulheres negras que trabalhavam na NASA nos anos 60 e foram fundamentais para o sucesso da primeira missão espacial norte-americana. O filme aborda questões como racismo, sexismo e a luta por igualdade de gênero e oportunidades.
Por fim, “The Social Dilemma” é um documentário da Netflix que explora o lado sombrio das redes sociais e como elas afetam nossas vidas, relações e comportamentos. O filme apresenta depoimentos de especialistas em tecnologia e marketing digital, alertando para os perigos do vício em redes sociais, a manipulação de dados e a disseminação de desinformação.
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