Mulheres são 15% dos membros de conselhos e diretorias no Brasil
Estudo do IBGC indica crescimento tímido da presença feminina nos conselhos e diretorias das companhias de capital aberto
Mulheres são 15% dos membros de conselhos e diretorias no Brasil
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Marina Vergueiro e LIDIA CAPITANI
12 de abril de 2023 - 15h43
(Crédito: Fokusiert/istock)
De acordo com levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), as mulheres compõem 15,2% dos profissionais em conselhos de administração, fiscais e nas diretorias das companhias de capital aberto. A terceira edição da pesquisa “Análise da participação das mulheres em conselhos e diretorias das empresas de capital aberto” indica um crescimento do percentual feminino: em 2021, eram 12,8% e passando para 14,3% em 2022.
O texto indica que “apesar de pequenos avanços, ainda há um longo caminho a ser percorrido”. Ao todo, foram 389 companhias analisadas, das quais 17,5% não apresentaram nenhuma mulher atuando no conselho de administração, no conselho fiscal ou na diretoria. A amostra ainda revelou a existência de 251 mulheres atuando como diretoras frente a 1.625 homens na mesma posição.
O estudo ainda ressalta que as 938 posições de liderança ocupadas por mulheres não se referem a profissionais diferentes, visto que algumas profissionais atuam em mais de uma empresa. “Por exemplo, a profissional que atua em mais posições de liderança ocupa a posição de conselheira fiscal em dez companhias, enquanto a segunda nessa lista atua em sete conselhos fiscais e em um conselho de administração”, explica a pesquisa.
Desse modo, entende-se que a participação feminina em conselhos está concentrada nas mãos de poucas e das mesmas profissionais. Além disso, 25% das companhias têm mulheres atuando no conselho de administração e na diretoria concomitantemente. Das 432 profissionais que pertencem apenas ao conselho de administração, 28 são presidentes e cinco vice-presidentes. Ao passo que nos conselhos de administração independentes, uma ocupa a posição de presidente e seis são vice-presidentes.
Outros destaques do levantamento apontam que 82,5% das companhias têm alguma mulher na liderança, incluindo os conselhos e diretoria. Já em relação ao percentual em cada conselho, 65,8% das empresas têm mulheres no conselho de administração e 52,3% no conselho fiscal.
Valeria Café, diretora de Vocalização e Influência do IBGC, comenta sua visão do estudo: “Os números mostram que as organizações precisam ser ainda mais sensibilizadas a entender que diversidade gera valor. Quando encontramos perfis diversos nos conselhos de administração, a organização tende a se beneficiar de mais pluralidade na construção de seus argumentos, mais inovação e, consequentemente de um processo de tomada de decisão com maior qualidade e segurança”.
MULHERES A FAVOR DA DIVERSIDADE
Para aumentar a representatividade feminina nos conselhos brasileiros, uma iniciativa com apoio da ONU Mulheres criou o selo Woman On Board, mérito concedido a empresas que possuem pelo menos duas mulheres em seus conselhos de administração. Em março deste ano, 2023, o selo alcançou 100 empresas, incluindo grandes companhias como Ambev, Banco do Brasil, Estapar e Raízen.
Apesar do avanço, a representatividade de mulheres negras ainda é um desafio. A própria iniciativa WOB, juntamente com o Conselheiras 101, publicaram um manifesto sobre a questão. “O ano é 2023 e este é o percentual de mulheres negras em conselhos de administração de empresas abertas brasileiras, segundo estudo da ACI Institute, da KPMG. Traço. Não é 1%. Não é 2%. Não é 3%. É traço”, diz o texto.
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