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Opinião

Quem somos nós aos 50?

Somos mulheres que viveram intensamente os anos 1980, e isso não é pouca coisa


15 de fevereiro de 2024 - 7h52

(Crédito: Unsplash)

Muito prazer, meu nome é Claudia. Vou me apresentar aqui para vocês, ainda sob o impacto de estar escrevendo uma coluna para o Meio & Mensagem sobre maturidade.
Ou um pouco do que esse tema se tornou nos últimos anos, praticamente uma pauta mandatória.  

Uau, que responsabilidade! Afinal não sou famosa, não sou jornalista, sou Juíza Federal há 26 e tenho um perfil no Instagram, o @Cool50s, que comecei em 2018 contando a minha entrada nos 50 anos sem muitas pretensões.

Eu estava em uma fase tranquila da minha carreira e minha filha, então com 29 anos, se casou e passou para residência em Ginecologia nos Estados Unidos. Meu filho, na época com 17, já pensava em estudar na Holanda, o que me fez questionar o que seriam aqueles próximos anos sem eles por perto. Criei então meu perfil no Instagram como uma espécie de confessionário informal, contando aos poucos como minha curiosidade pelo novo estava me fazendo sair da minha bolha, conhecida, mas entediante.

Quem eu era aos 50 anos? O que pretendia dali pra frente e quais seriam meus planos futuros?

Será que eu ainda tinha planos? Ou será que eu estava numa espécie de limbo autoimposto, em que acreditava que a vida era aquilo mesmo e o que viesse seria apenas bônus?

Foi nessa pegada de trocar experiências com mulheres vivendo seus 45, 55, 65 anos ou mais que meu mundinho foi chacoalhado por meio dos relatos de cada uma delas.

“Existe um mundo imenso lá fora”, pensei. “Vamos descobrir qual é”.

Somos mulheres que viveram intensamente os anos 1980, e isso não é pouca coisa. Fomos forjadas pelo rock nacional, pelo New Wave, pegamos um rabicho da era Punk. Ou seja, novidades nunca nos assustaram. Usamos nossos cabelos com permanentes, com gel colorido e purpurina, cortamos franjas e mullets, nossos blazers de ombreiras gigantes eram um fator fundamental para nos definir como “cool”.

Fizemos faculdades tradicionais, nos casamos, não nos casamos, nos separamos. Somos uma geração de mulheres que normalizaram deixar os filhos em berçários ou creches, mesmo que a culpa nos consumisse, para chegar naquele escritório de advocacia ou mesa de câmbio às 8 horas da manhã (posso falar com a experiência de quem passou por isso). Também tivemos chefes que não nos deixavam sair antes que a última pesquisa fosse feita (em uma era totalmente analógica), nossa angústia a milhão sabendo que nossos filhos estariam nos esperando na escolinha quase fechada. Detalhe: sem celulares e torcendo para que alguma secretária de plantão atendesse o telefone da diretora furiosa.

Chegamos aos 50 anos com um número considerável de perrengues vividos em um mundo que não passava a mão nas nossas cabeças. E foi justamente ouvindo os relatos incríveis da imensa comunidade que se tornou o Cool que eu percebi qual mulher eu seria dali pra frente: seria a Claudia que eu sempre fui, agora sem as camadas de “mãe em tempo integral” e redescobrindo quais eram os meus prazeres de menina. Ou meus novos prazeres e habilidades que, convenhamos, nossa Geração Power tem de sobra.

Nós, mulheres da Geração X, definitivamente não vamos envelhecer em silêncio.

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