Tempo é luxo necessário
A busca pela otimização não deve nos prender a uma nova lista, cheia de coisas a fazer, mas sem espaço para o que realmente importa
A busca pela otimização não deve nos prender a uma nova lista, cheia de coisas a fazer, mas sem espaço para o que realmente importa
11 de junho de 2025 - 9h57
(Crédito: Shutterstock)
No nosso dia a dia, a tecnologia nos impõe uma ironia. Vivemos conectados por celulares e outros dispositivos que nos abrem inúmeras possibilidades, algumas até que nem imaginamos, com apenas alguns toques. Mas, muitas vezes, esse acesso imediato e tão panorâmico também nos distrai — com notificações, lembretes automáticos, múltiplos apps abertos e sugestões que nem sempre pedimos. E nosso foco se dispersa. Nesse processo, o tempo, o nosso tempo, passa voando, sem que o percebamos.
Não tenho muitas dúvidas a respeito da inovação que realmente importa não ser a que acelera, mas sim a que liberta, que nos permite colocar mais qualidade na nossa rotina. É uma tecnologia que nos propicia viver com mais foco, mais presença, mais sentido.
É inquestionável como a inovação amplia nossas possibilidades e nos poupa tempo. Hoje, com smartphones equipados com inteligência artificial e recursos de cross-app, que conectam diferentes aplicativos para realizar uma sequência de tarefas de forma automatizada e integrada, conseguimos delegar atividades com eficiência. Com eles, podemos buscar uma informação, ativar um lembrete, compartilhar dados em tempo real ou organizar compromissos com poucos comandos.
Eu mesma não começo mais um texto ou briefing sem ajuda da IA, que me fornece bons insights e novas perspectivas. Dia desses, pedi ao celular que encontrasse o melhor preço de um livro de História para meu filho, indicasse a loja mais próxima e enviasse todos os detalhes da entrega direto no WhatsApp dele. Em menos de um minuto, tudo estava feito.
Por outro lado, a tecnologia e as telas têm duas faces. Se não houver equilíbrio e cuidado no seu uso, o que era para ser uma força a nosso favor se volta contra nós. As telas têm, sim, efeito hipnótico e, sorrateiramente, podem roubar preciosas horas. Não podemos deixar que esses “espelhos líquidos” nos tirem o foco da vida vibrante e colorida que só existe fora das telas. Vale sempre nos recordarmos que a vida plena só é possível fora das telas.
Cabe a cada um de nós garantirmos que estamos no controle da tecnologia, e não vice-versa. Cabe também às empresas e a seus líderes a responsabilidade de abordar estes temas com seriedade e cuidado. Isto também é construção de marca. O propósito das empresas, antes de qualquer outra coisa, precisa ser servir a sociedade. É esta jornada que move a Samsung, deixando o dia a dia de trabalho extremamente interessante
Mas, o que fazer com esse tempo liberado e como vivenciá-lo? O verdadeiro luxo não está apenas em ter mais horas livres, mas em aprender a usá-las com intenção e real presença. E, nesse cenário, as telas não precisam ser vilãs. Pelo contrário: quando usadas com consciência, podem nos ajudar a focar no que importa, cortar excessos e abrir espaço para o essencial. Apps de meditação que nos lembram de respirar fundo e nos guiam neste aprendizado. Agendas inteligentes que nos ajudam a priorizar. Assistentes que organizam, sintetizam, sugerem e nos liberam para viver com mais presença. O tempo que realmente importa é aquele em que conseguimos estar ali, de verdade. E quando isso acontece, desaceleramos, nos desconectamos das demandas externas e nos reconectamos com as pessoas e com as sensações de estarmos realmente presentes.
Porém, o desafio persiste. Estamos prontos para equilibrar essa balança? Ao tentar conquistar mais tempo, não nos perdemos em um ciclo de urgências? A busca pela otimização do tempo não deve nos prender a uma nova lista, cheia de coisas a fazer, mas sem espaço para o que realmente importa. A tecnologia pode ser uma grande aliada nesse caminho, desde que usada como ferramenta para enriquecer o presente, e não para substituí-lo.
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