O networking vai impulsionar sua carreira
Na busca por oportunidades profissionais, nós mulheres precisamos ser tão políticas quanto os homens
Na busca por oportunidades profissionais, nós mulheres precisamos ser tão políticas quanto os homens
12 de março de 2024 - 13h34
Não existe ascensão na carreira profissional sem networking. Seria muito difícil encontrar quem discorde dessa afirmação. Afinal, a construção de uma rede de contatos, dentro e fora da empresa onde se está atuando em determinado momento, é fundamental para alcançar promoções e receber propostas de crescimento profissional.
E networking é baseado em política. Com ela, fica possível entender o melhor momento para falar e para ouvir, alcançar o equilíbrio entre oferecer contatos e insights e receber os benefícios de manter boas relações com pessoas influentes no mercado.
Acontece que, tradicionalmente, as habilidades políticas são consideradas privilégio masculino. Não por acaso, na Câmara dos Deputados, 17,7% são mulheres. No Senado, 16%. Apenas dois estados são governados por mulheres neste momento.
Repare que, segundo o Panorama Mulheres 2023, uma realização do Talenses Group e do Insper, as mulheres representam 21% dos membros dos conselhos administrativos e 17% das CEO das empresas brasileiras. São percentuais semelhantes, e muito abaixo dos 51,5% de brasileiros que se identificam no gênero feminino, segundo o Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE).
Entre a muitas causas, culturais inclusive, que explicam esse fenômeno, está o fato de que, em geral, as profissionais sequer disputam vagas para as quais identificam que não têm absolutamente todas as qualificações exigidas, enquanto é muito comum os homens buscarem estes postos, valorizando as habilidades em que se sentem mais seguros.
Em minha experiência pessoal, ficou claro também o quanto outros preconceitos interferem na busca por talentos diversos. O sotaque nordestino, por exemplo, é alvo de um preconceito evidente, contudo é também um diferencial que abracei e utilizo a meu favor para deixar a minha marca, mas falaremos disso mais para frente.
Esses preconceitos enraizados na sociedade criam barreiras que dificultam a construção de uma marca pessoal, que é muito importante para a construção de uma rede profissional, ainda mais no ambiente corporativo contemporâneo, em que a imagem do profissional ganha uma visibilidade muito elevada – agora, de certa forma, cada pessoa é influenciadora, mesmo que o tamanho do alcance e a qualidade da adesão varie muito.
É perfeitamente possível reverter essa situação, resultado de séculos de domínio do patriarcado. Nós mulheres podemos, sim, investir em novas estratégicas em networking. Mas as corporações podem – e devem – fazer sua parte.
Muitas organizações estão mais atentas à desigualdade de gênero no ambiente corporativo, que se torna mais evidente quanto mais se sobe na hierarquia. É o que tem acontecido em alguns casos exemplares na indústria de games, um setor que eu conheço bem, e que apresenta um contraste evidente: de um lado, homens que entram por indicação; de outro, mulheres receosas de se aproximarem de recrutadores.
Para superar estes obstáculos, aumentar a exposição da importância da comunicação não verbal na construção de uma imagem profissional ajuda muito. Afinal, a comunicação não verbal é muito rica e costuma ser um aspecto pouco valorizado nas organizações.
Quem me observa, por exemplo, enxerga uma aparência marcante e uma personalidade ainda mais notável. O sotaque que tanto amo e meus cabelos azuis, que me destacam, são alguns dos elementos de comunicação verbal e não verbal que me ressaltam em palcos e em rodas de conversa.
Nem todas irão ter essas características, mas o ponto aqui é entender que valorizar aspectos valiosos da comunicação pode ajudar a valorizar os profissionais que buscam experiências pessoais na procura por aprimoramento da comunicação, incluindo curso de teatro e de apresentação de TV, muito úteis para a rotina de trabalho, especialmente no cenário atual, em que a postura diante das câmeras – e também dos palcos – é fundamental.
É possível e necessário, portanto, construir uma marca pessoal, utilizando recursos que nos façam mais expressivas e seguras, valorizando nas mulheres todas as habilidades ligadas à política. E assim utilizar o networking de uma forma revolucionária, capaz de reduzir as centenárias barreiras de gênero que tanto impactam o ambiente corporativo.
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