“Empreendedorismo se tornou algo aceitável”

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“Empreendedorismo se tornou algo aceitável”

Richard Branson, da Virgin, foi um dos destaques do evento “Diálogos sobre a nova economia”, promovido pela Natura


30 de maio de 2017 - 18h48

Nesta terça-feira, 30, dia em que celebrou sua re-certificação como uma BCorp – instituição global que reúne empresas que usam o poder dos negócios para resolver questões sociais e ambientais; o “b” vem de “Be the change” ou “Seja a mudança” –, a Natura promoveu na Casa Natura Musical o evento “Diálogos sobre a nova economia” do qual a estrela foi sir Richard Branson, fundador da Virgin e Virgin Galactic, num debate com Guilherme Leal, fundador da empresa brasileira, mediado por Andrea Alvares, vice-presidente de marketing e inovação da companhia.

Richard Branson, entre Andrea Alvares e Guilherme Leal (crédito: divulgação)

Branson, que já se meteu a explorar o mundo para além dos limites da Terra, ressaltou, no entanto, que o nosso é o planeta mais bonito e temos a opção de escolher entre destruí-lo ou melhorá-lo, como fazem, neste último caso, as empresas com a certificação BCorp. Ele lembrou que há algumas décadas os únicos empreendedores na Inglaterra eram ele e Anita Roddick (fundadora da The Body Shop), mas que hoje o empreendedorismo se tornou algo aceitável. “Você não cria coisas se não tiver falhas no caminho. A questão é que é preciso ser positivo a respeito”, afirmou Branson ao ser questionado sobre como falhas e sucessos guiam sua atuação.

Ele também defendeu que além da mudança de comportamento dos consumidores e das pessoas em geral, os políticos devem ser cobrados a se engajar nos temas relativos à sustentabilidade. Os impostos poderiam ser uma linha de ação: reduzir impostos daquilo que é bom para as pessoas e elevar daquilo que não faz bem. Neste caso, taxar açúcar e as atividades de quem devasta florestas, por exemplo. Branson afirmou, ainda, que são poucos os países sensíveis ao tema, mas que alguns que o senso comum não colocaria na lista dos preocupados com sustentabilidade têm se engajado, como China e Cingapura. “Já a situação dos Estados Unidos é perturbadora. Como um homem como Donald Trump pode liderar um país como os Estados Unidos?”, criticou.

O próprio Guilherme Leal, que fundou a Natura dentro de uma visão de sustentabilidade, afirma que a sociedade em geral ainda engatinha na questão de enxergar o papel ativista do consumo, mas demonstra otimismo a respeito: “É preciso acreditar na possibilidade de mudança e é crescente o número de pessoas que querem produtos que atendam fatores como ser local, autêntico, confiável e ético”.

O fundador da Natura demonstrou preocupação com os dois projetos de lei que passaram no Senado e podem reduzir áreas de conservação tanto na Amazônia quanto em Santa Catarina. Segundo ele, a Floresta Amazônica é um patrimônio da humanidade e não apenas do Brasil e está sob ameaça institucional.

Sistema B

Também participaram do encontro que lotou a Casa Natura Musical Chris Coulter, da GlobeScan, que falou sobre como “Vender uma praia”, ou seja, a ideia da sustentabilidade. Emmanuelle Gordon, da francesa Danone, contou sobre como as práticas da companhia foram um casamento perfeito com a certificação BCorp, conferida à empresa recentemente.

Do Chile, o jovem Thomas Kimber contou a trajetória que o levou a largar a faculdade de economia, na qual ouvia sempre que o objetivo principal de uma empresa é a maximização dos lucros, para pensar num negócio sustentável: a Karün, de óculos que utilizam materiais reciclados. Um projeto com o qual ele convida todos a “verem o mundo de um ponto de vista diferente”.  Outro resultado do trabalho da Karün, em parceria com a Rembre e a Balloon, é o reflorestamento de grandes áreas da Patagônia.

Do Brasil também vieram exemplos de empresas que atuam na nova economia, além da Natura, anfitriã do evento. Tiago Alves, da Sunew, que produz filmes fotovoltaicos orgânicos, afirma que a transição energética é difícil, requer quebras de paradigmas e, acima de tudo, é um trabalho coletivo. Já Alexandre Borges, da Mãe Terra, marca de produtos orgânicos, teve um percurso semelhante ao de Thomas Kimber. Estudou numa escola clássica de negócios, a FGV, começou a carreira na Mastercard, nos Estados Unidos, mas se encantou ao visitar uma das lojas da rede Whole Foods. Trabalhou como caixa de uma delas e desde então passou a refletir sobre se haveria um “caminho do meio” (conceito zen-budista do qual é adepto) entre o lucro e o propósito.

Há 10 anos, quando adquiriu a marca Mãe Terra, seu objetivo era democratizar o consumo de produtos naturais e orgânicos no Brasil, e encontrar esse ponto de equilíbrio entre resultados e propósitos. Algumas das medidas foram buscar uma equação de preço melhor para o consumidor e investir em embalagens mais atraentes para os produtos. As parcerias também são outro caminho explorado, como as que fez com a Gol Linhas Aéreas Inteligentes e com a apresentadora Bella Gil.

Ele confessou não ter atingido nenhum dos dois objetivos a que se propôs, mas fatos como termos 50% da população acima do peso e o Brasil como o maior consumidor de agrotóxicos do mundo o animam a insistir na ampliação do business, que hoje atende 10 milhões de clientes no País.

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