Shonda Rhimes: “Não estamos tentando apenas acompanhar a cultura; mas criar cultura”
Escritora e produtora responsável por Grey's Anatomy e Bridgerton descreve a transformação da mídia, a dinâmica de colaboração com marcas e a inovação em produções
Shonda Rhimes: “Não estamos tentando apenas acompanhar a cultura; mas criar cultura”
BuscarEscritora e produtora responsável por Grey's Anatomy e Bridgerton descreve a transformação da mídia, a dinâmica de colaboração com marcas e a inovação em produções
Giovana Oréfice
20 de junho de 2025 - 7h45
O streaming é senso comum na veiculação de conteúdos, como séries e filmes atualmente. No entanto, as plataformas são, hoje, o legado do que a televisão significou por muito tempo. Grey’s Anatomy é o drama médico mais longo em toda a história da televisão, iniciando, neste ano, a 22a temporada.
Shonda Rhimes: nome por trás de fenômenos globais como Grey’s Anatomy, Scandal e Bridgerton (Crédito: Divulgação/Cannes Lions/Getty UK)
Os primeiros episódios foram exibidos ainda nos anos 2000, na norte-americana ABC. “O que Bob Iger quer ver?”, questionou-se a produtora e escritora Shonda Rhimes sobre escrever a respeito da temática para a TV, referindo-se ao presidente da Disney. No Lumière Theatre, ela esteve ao lado de Mark Reed, CEO do WPP até dezembro deste ano, quando ele deixará o cargo.
À frente da Shondaland, a escritora esteve, por alguns anos, responsável pela programação noturna das quintas-feiras na ABC, popularmente chamadas de TGIT, sigla para “Thank God It’s Thursday” (Graças à Deus é quinta-feira, em tradução livre). Suas produções ocupavam o horário comercial mais nobre da TV nos Estados Unidos, com episódios de suas séries transmitidos semanalmente.
Em entrevista a Mark Reed, Shonda relembrou a dinâmica colaborativa da escrita para a TV e sua participação durante as filmagens. “Se estou no set, eu sou literalmente a única pessoa que não está trabalhando, eu apenas julgo o que as pessoas fazem. Sou uma grande fã de deixar que as pessoas que eu contrato façam seu trabalho”, afirmou. Ela citou sua “política anti idiotas”, para contratar pessoas que, de fato, queiram acompanhá-la criativamente no longo prazo.
Da rapidez necessária para a TV, dada a exibição semanal dos episódios – geralmente trabalhando sempre quatro episódios à frente daquele que está no ar – Shonda aventura-se, hoje, no streaming. Ela fechou contrato de exclusividade com a Netflix em 2017, após mais de dez anos junto à ABC.
“A Netflix agrega um valor à produção que as pessoas não pensavam ou esperavam. Quando olhava para a perspectiva de onde estava, era claro saber o caminho que a televisão vinha tomando”, lembra. “É lá que a TV interessante está neste momento. Isso foi parte da minha mudança”, disse.
O caráter global e simultâneo da veiculação no streaming mostra que as produções também são marcas por si só, fomentando comunidades sedentas ao redor do mundo: “Essas comunidades são muito vorazes por qualquer coisa que entregamos a elas, e também querem viver dentro dessas histórias, e é aí que as marcas entram. Se conseguir usar minhas histórias para ajudar outros a contarem suas próprias histórias, é um bom casamento”, afirmou.
Em relação ao trabalho com anunciantes, Shonda apega-se à ideia do preparo com antecedência, ainda no roteiro, para que a publicidade seja orgânica e, como classificou, algo vital aos personagens.
Reed instigou Shonda sobre o que esperar do futuro, frente à uma audiência atenta e interativa com as declarações da produtora. Sem, obviamente, compartilhar projetos, ela citou a renovação da parceria com a Netflix: “Já avançamos o suficiente para que eu sinta que é realmente um lugar onde vale a pena passar tempo. É muito sobre descobrir como inovar nas próximas produções. Na Shondaland, nunca queremos ficar parados. Não perdemos tempo olhando para o que já fizemos, então vamos nos acomodar. Não estamos tentando apenas acompanhar a cultura; estamos tentando criar cultura”, finalizou.
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