O futuro aos sensores pertence

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Opinião

O futuro aos sensores pertence

Inovações pedem adaptação e mudanças no meio do caminho e sigo achando que as ideias de hoje, certamente, vão se adaptar amanhã


18 de novembro de 2019 - 13h52

“A ‘proliferação de sensores’ fará com que, em até dez anos, as escovas de dente possam dizer como está sua glicose, glicemia, colesterol e vitaminas.” (Crédito: Peterhowell/iStock)

Imagine o tamanho de uma câmera hoje. Micro! Estão nos carros, celulares, computadores, nos radares… As fotografias de satélites já captam até meio metro de distância da Terra e os drones diminuíram isso para um centímetro. E o LIDAR, o sensor dos carros autônomos, está capturando quase tudo dentro de 1,3 milhão de data points por segundo. Agora, o alcance de um GPS que foi lançado em 1981, pesando 24 quilos e custando US$ 120 mil, é milhões de vezes maior, com micro-aparelhos que podem custar US$ 5. O homem enxerga infinitamente mais, e o tempo todo.

Misture 1984, A Ilha, Minority Report, Black Mirror, Years and Years e você começa a ter uma ideia do que diz o artigo We Can’t Even Comprehend the Massive Data Haul We’ll Soon Get From Sensors, escrito por Peter H. Diamandis, para a Singularity do mês passado. Ele fala sobre os netos do Nike Plus, do Oura Ring, do Apple Watch. Fala sobre um planeta hiperconsciente, alimentado por sensores que serão desenvolvidos pelo Google e que vão muito além de roupas, relógios e óculos. É a internet das coisas chegando a milhares de outros lugares através de sensores.

Essa “proliferação de sensores” fará com que, em até dez anos, as escovas de dente possam dizer como está sua glicose, glicemia, colesterol e vitaminas. E se você pegou algum vírus anteontem na balada. Mas a ideia vai muito além do healthcare. Sua cozinha vai detectar que o café acabou, pedirá mais e um drone deixará o café na sua porta de onde o seu robô pegará e reabastecerá sua máquina de café. Até aí, já imaginávamos.

Acontece que isso é mixaria perto da previsão de que, em dez anos, a quantidade de dispositivos será tão grande e estará em tantos lugares que viveremos sob o que foi batizado de “electric skin”: uma pele elétrica que vai cobrir o planeta medindo absolutamente tudo, do fundo do mar à órbita, passando por nós, seres humanos, inclusive dentro da nossa corrente sanguínea. Os dados a seguir corroboram a ideia.

Em 2009, a previsão de crescimento do número de dispositivos conectados à internet era de 12,5 bilhões para 6,8 bilhões de pessoas. Em 2015, foi para 15 bilhões de dispositivos conectados. A previsão da universidade de Stanford é que suba para 50 bilhões até 2020. E para 500 bilhões em 2030. É onde milhões de dólares estarão. O emprego, já não sei. Imagine o impacto disso na agricultura, ciência, energia, comunicação, em tudo.

O conceito de privacidade com esse nível de informação vai mudar de significado. Imagine saber tudo sobre todos. Transparência absoluta. A ideia de acrescentar sensores à inteligência artificial, que fica cada vez mais inteligente, é vendida como uma iniciativa positiva, que nos fará ganhar tempo e qualidade de vida. Ou seja, o artigo de Diamandis quer ser bem mais otimista do que os futuros apresentados nas séries e filmes que anunciam realidades bem mais tristes com o avanço da tecnologia. Mesmo assim, não sei se compro essa animação.

Como isso afetaria o comportamento humano? Como o WiFi 100% do tempo fazendo de nós antenas vai nos afetar? Quem vai ditar as regras? Quem realmente saberá tudo? Quem vai armazenar esses dados? Quem vai gerenciar? Os dados serão a nova moeda? E se houver um blackout? O documentário The Inventor: Out for Blood in Silicon Valley, lançado este ano pela HBO, mostrou que querer nem sempre é poder e que teoria é diferente de prática. Ele conta como Elizabeth Holmes, a Steve Jobs “wanna be” que vi na capa da Times, ficou famosa fazendo exames que só precisavam de uma gotinha de sangue para diagnosticar quase tudo no corpo humano. Descobriu-se, US$ 10 bilhões depois, que o discurso não funcionava na prática. Um dos milhares de exemplos que mostram que inovações pedem adaptação e mudanças no meio do caminho. Então, sigo achando que as ideias de hoje, certamente, vão se adaptar amanhã. E o bom de previsões em tempo curto é que, provavelmente, vai dar para eu saber se, no Brasil de 2030, haverá drones entregando a vitamina que está faltando no meu sangue ou se os drones só continuarão fazendo sucesso em Bacurau.

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