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Opinião

Só não vê quem não quer

É fácil compreender qual o perfil de profissional que fará a diferença quando tudo der certo, ou errado


4 de dezembro de 2019 - 12h55

(Crédito: Oatawa/ iStock)

Quase todos nós estamos calejados de saber que não há mais tempo para alegorias. Profissionais sérios já entenderam que reinventar a roda, chamando-a de quadrado, beira o ridículo. Pessoas esclarecidas sabem que, ao assumir uma nova posição, a coisa mais arrogante e estúpida que se pode fazer é ignorar o passado por pura e simples egolatria. Quem quer deixar um legado toma decisões difíceis sempre que são necessárias. Nunca em causa própria. Sempre pensando coletivamente.

Importante lembrar que, seja você vice-presidente ou trainee, o acesso a ferramentas, plataformas, metodologias e afins é democrático. A maioria esmagadora dos grupos de comunicação tem estrutura para atender qualquer categoria, segmento ou marca em qualquer lugar do mundo. Se não tem de imediato, cria em tempo recorde.

Além disso, não faltam grandes eventos, exemplos para serem seguidos, placas indicando caminhos nem o entendimento de que tudo muda rápido demais.

Então, o que falta? O que sempre faltou. Conversa de gente grande, relações transparentes, tomada de decisão, respeito ao que foi acordado. Falta que cada um faça o melhor, responsabilize-se pelas decisões, defenda suas crenças, entenda o contexto, as pessoas, a perda de protagonismo individual, a importância crescente da colaboração. Falta valorizar o trabalho verdadeiro em detrimento da fama. Falta o briefing claro, o briefing assertivo, a decisão sacramentada. Falta parar de apontar culpados, de espezinhar esforços e de tirar o corpo fora.

Em 2019, com tantos dados, tecnologias, novos modelos de trabalho, internet das coisas, clareza do lugar de fala, luta pela inclusão, compliance e importantes pautas igualitárias sendo discutidas no mundo inteiro, inúmeros profissionais de diferentes gerações repetem exaustivamente o comportamento Mad Men, tão retrógrado, hierárquico, individualista e tóxico, de um passado ainda recente demais.

O mercado de comunicação é um só. Seja você agência, cliente, veículo, hub de conteúdo, consultoria, futurólogo ou cavaleiro do apocalipse, é bom entender que, nesse jogo, o que faz a diferença no placar são as decisões serem tomadas com responsabilidade e por pessoas que estejam preparadas para lidar com as consequências das escolhas que fizerem. E não basta combinar o jogo. Falta assinar a estratégia e seguir como time.

Não existe relacionamento sem atrito. Mas existe gente comprometida em fazer o melhor. Gente que joga junto, que sabe ouvir e que fala o que deve ser dito para quem precisa escutar. Isso só acontece entre pessoas que se respeitam, cumprem o combinado, falam a verdade, buscam ambientes de trabalho inclusivos e plurais, assumem os próprios erros e não permitem abusos de qualquer natureza.

É difícil saber exatamente quais modelos vão surgir e cair num futuro próximo. Mas é bem fácil compreender qual o perfil de profissionais que fará a diferença quando tudo der certo. Ou errado.

Só não vê quem não quer.

*Crédito da foto no topo: RawPixel/Pexels

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