2019: o ano da mudança na comunicação brasileira

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Opinião

2019: o ano da mudança na comunicação brasileira

As transformações passaram praticamente batidas pelo público, mas isso não significa menor importância nos rumos mais saudáveis que tomamos


16 de dezembro de 2019 - 16h00

(Crédito: Matthew Guay/ Unsplash)

O noticiário foi tão intenso no Brasil em 2019 que serviu para ofuscar (provavelmente) o ano mais importante em mudanças nos meios de comunicação no País desde o início da era da informação digital, há um quarto de século. Todos os principais veículos sofreram grandes reformulações. As transformações passaram praticamente batidas pelo público, mas isso não significa menor importância nos rumos mais saudáveis que tomamos.

Em comum, tudo mudou meio que a fórceps, seja pelo crescente desinteresse de público pelo formato tradicional, seja pela adaptação ao pasto seco para as já magras vacas da comunicação.

Comecemos pelo maior conglomerado, o Grupo Globo. Em novembro, unificou as marcas TV Globo, Globosat, Som Livre, Globo.com, Globoplay e DG Corp sob mesma estrutura: “Uma só Globo”. “A experiência digital mudou muito a maneira como o público consome mídia, conteúdo, e nós mudamos junto”, foi a justificativa que deu Jorge Nóbrega, presidente executivo da Globo.

Já para o Sul do País, o tradicional Zero Hora fez uma reforma visual, principalmente para adequar todas as propriedades (jornal, site e app) a uma “navegabilidade” melhor e presença maior de colunistas e textos em primeira pessoa, que funcionam bem no digital.

A Folha de S. Paulo não ficou atrás e investiu severamente na segunda onda de podcasts. O formato surgiu em 2004, fez sucesso na época, esfriou e há cerca de dois anos uma nova onda banhou os Estados Unidos e desceu para o Brasil, recentemente. Tanto que a plataforma de streaming sueca Spotify pagou quase R$ 1 bilhão em fevereiro deste ano por empresa especializada.

A Associação Brasileira de Podcasters (sim, ela existe) apontou no meio do ano dois mil podcasts ativos no País, sendo que 40% dos internautas dizem já ter consumido ou acompanharem com regularidade programas do tipo. Voltando à Folha, um dos jornais de maior circulação no Brasil oferece em seu conteúdo digital dez podcasts. Um deles é feito em parceria com o Spotify e líder de audiência.

A Globo não fica atrás e tem programas que vão de bem-estar à marca Fantástico on demand de áudio.
Entre o Foro de Teresina (que alavanca a matriz, a revista Piauí), Briancast, Mamilos, o formato radiofônico sob demanda cresceu, por contas preliminares, 180% no ano.

O Estado de S. Paulo, outro gigante da comunicação brasileira, anunciou em setembro o projeto “Estadão 21”, em que coloca seu lema de “145 anos de jornalismo” em transformação na forma de produzir e distribuir conteúdo. “Expandir a presença digital do grupo em todas as plataformas”, aponta o comunicado explicativo da reforma. Na prática, a mudança se mostra de sutil para imperceptível.

Tudo isso tem um alvo claro — a população de 150 milhões de brasileiros que estão conectados neste 2019. A grande maioria graças à explosão (barateamento) de smartphones nos últimos anos. Público que se comunica (130 milhões) por WhatsApp e se informa (130 milhões) pelo Facebook. Fora os 70 milhões que se exibem pelo Instagram. É uma briga por dinheiro no final do dia.

Google (que soma o YouTube) e Facebook (com Instagram e WhatsApp) ficam com 86% da receita publicitária mundial — U$ 55 bilhões do Facebook e U$ 117,3 bilhões do Google em 2018. Só que são empresas de tecnologia, essencialmente, e não têm vasta bagagem em melhores práticas de comunicação. Pior: discordam em muitos pontos delicadíssimos.

Houve um aceno quando, em setembro, o Google mudou seu algoritmo para melhorar o posicionamento de notícias originais em seu sistema de busca. O Twitter, outro peso pesado da TI, disse, na sequência, que não permitirá anúncios políticos, olhando principalmente as eleições presidenciais norte-americanas do ano que vem.

Em um mundo que acaba de passar por tantos traumas recentes de fake news, é melhor que as empresas tradicionalmente de comunicação se renovem mesmo e sigam defendendo com autoridade as melhores práticas democráticas.

*Crédito da foto no topo: Vedanti/Pexels

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