A era da EX, ou a Employee Experience

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Opinião

A era da EX, ou a Employee Experience

A possibilidade de pensar sobre a experiência dos empregados nunca foi tão livre de amarras e, ao mesmo tempo, tão necessária


15 de setembro de 2020 - 12h38

(Crédito: Bagira22/iStock)

Navegamos nos últimos anos pela era da UX — o conceito de User Experience que nos lembra que não basta lançar um site, um e-commerce ou app bonito. Ele precisa ser fácil de navegar, ter uma experiência de uso agradável para o usuário. Embora o termo fosse novo no dicionário do marketing, o conceito em si era velho. Valia desde sempre como já comprovavam os raladores de queijo, que evoluíram para não machucar as mãos de quem os usa, os abridores de lata e por aí vai. Ainda assim, a indústria da comunicação e as marcas precisaram repensar times e a sua presença virtual na tentativa de oferecer essa experiência memorável de navegação. Absorvido o conceito, chegamos a um novo momento, a era da EX, a Employee Experience, ou experiência dos nossos funcionários.

Já falamos neste espaço sobre como o valor do humano se sobressaiu ainda mais nos meses de pandemia. As demonstrações de solidariedade ao longo da quarentena são, sem dúvida, o que lembraremos de melhor deste ano tão difícil para todos, especialmente para os mais vulneráveis social e economicamente. Dentro das empresas, o cuidado com as pessoas, que sempre esteve na pauta das organizações mais comprometidas, evoluiu a níveis inimagináveis. Afinal, de um dia para outro, descobrimos que o modus operandi que defendíamos de forma tão inquestionável era, sim, bastante questionável.

As horas de trânsito diárias, a necessidade de ter um lugar marcado no escritório, os horários não flexíveis, a necessidade de se viver onde se trabalha. Tudo isso entrou em xeque e abriu a possibilidade de líderes e organizações repensarem sua forma de atuação e implementarem novas abordagens sobre o conceito de qualidade de vida das equipes de trabalho. A possibilidade de pensar sobre a experiência dos empregados nunca foi tão livre de amarras e, ao mesmo tempo, tão necessária. Afinal, é essa experiência que nos garantirá trazer as melhores pessoas para a nossa empresa. E são elas o nosso maior diferencial.

Ter a chance de repensar a experiência dos nossos funcionários significa ter a chance de repensar todo o modelo de trabalho. Isso é uma responsabilidade enorme, mas também uma oportunidade extremamente enriquecedora, que pode ajudar a desenhar comportamentos de muitas gerações ainda por vir. As questões são muitas e, certamente, todos nós já passamos por elas em algum momento desde aquele tão distante 13 de março, quando fomos em mutirão para as nossas casas achando que, em duas semanas, estaríamos de volta aos escritórios.

Que vamos estabelecer o teletrabalho/home office como algo realmente definitivo, já é óbvio. Mas, em que medida e para quem? Em um modelo onde cada um pode trabalhar de onde bem entender, como manteremos os elos entre os times? Teremos espaços de convivência leves e descontraídos no lugar de escritórios formais? Escritórios onde a pessoa marca um horário quando decide ir trabalhar? Toda essa discussão, que parecia tão lúdica seis meses atrás e hoje é tão real, vai impactar na experiência dos funcionários e, em cadeia, na entrega aos clientes e nos resultados.

Só que, convenhamos, as decisões acima são as que circundam os aspectos positivos que o novo normal trouxe para a qualidade de vida de nossos times. Todos nós sabemos, no entanto, que os grandes desafios estão nos aspectos negativos com os quais temos de lidar. A tensão das múltiplas telas exponencialmente elevada, a dificuldade de se estabelecer limites entre a vida pessoal e a profissional, o medo que a pandemia alastrou, a sensação de invisibilidade, as dificuldades que mães e pais de nossas equipes estão enfrentando com seus filhos e filhas. É a forma como abordaremos esses pontos que, de fato, impactarão positivamente a experiência dos colaboradores e farão de nossas empresas bons lugares para se trabalhar e crescer profissional e pessoalmente.

*Crédito da foto no topo: iStock

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