O poder da intimidade

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Opinião

O poder da intimidade

Esse fator traz força à colaboração e repele efeitos negativos, como controles de micro gestão, culto à personalidade e hierarquias sem sentido


22 de junho de 2021 - 14h11

Cytoon Photography/Pexels

Minha observação direto da trincheira me faz acreditar em experimentos difíceis, que exigem sangue, suor e lágrimas. Não qualquer experimento, mas sim aqueles baseados na grande intimidade que somente a intensidade e longevidade das relações pode alcançar. Intensidade entre os times internos, com empresas parceiras e, principalmente, com clientes. Intimidade no limite de onde podemos alcançá-la. E, isso sim, é fator diferencial entre equipes e empresas. O prefixo “in” da intimidade já sugere o conceito de proximidade, entrosamento, “dentro de”.

A intimidade traz força à colaboração e repele efeitos negativos, como controles de micro gestão, culto à personalidade e hierarquias sem sentido. No livro “Israel, Nação Empreendedora”, Dan Senor e Saul Singer definem a Chutzpah como tema central do avanço tecnológico e cultural de um país do tamanho de Sergipe. Esse termo significa “papo reto”, um certo desrespeito à hierarquia, dar opinião “na real”. Só é possível tê-lo de forma efetiva quando há intimidade no grupo. Trazendo para o mundo dos negócios, não deveria haver hierarquia na sala quando o objetivo é definir a melhor ideia (não tente fazer isso com seu chefe sem intimidade…não dará certo).

A intimidade também agiliza tomadas de decisão pois gera confiança de que o espaço está livre para ação. Não há perda de tempo com alinhamentos infinitos e reuniões improdutivas para “cover your ass”. Não precisamos disso num ambiente íntimo. E, principalmente, que não haverá dedos apontados em caso de possíveis erros. Intimidade não significa estar sempre tudo bem, e até nisso, ela é importante. Quando tenho intimidade com meu interlocutor confio e, portanto, recebo com a guarda baixa um comentário contrário a uma ideia minha, um feedback mostrando caminhos diferentes dos que escolhi. Não há segundas intenções ou teorias conspiratórias: é o que é.

A lista é grande, e não poderia deixar de lembrar da necessidade de sermos mais felizes no trabalho. Menos micro gerenciamento, menos perda de tempo, mais autonomia. E, importante, muito mais papos fora do ambiente de trabalho, especialmente em uma época de pandemia. Quanto mais empatia tenho pela vida pessoal de um colega e dou espaço para ele, mais conexão humana existe, mais espaços são criados. Por incrível que pareça, consegui me conectar com muita gente que não tinha intimidade no passado recente. Sou livre para falar o que penso com pessoas em quem confio e o mesmo enxergo nelas. Sem politicagem e grandes douradas de pílulas.

Parte da dificuldade em colocar essa visão em prática está associada ao nosso desejo pelo certo, pelo concreto e controlável. Simon Sinek abordou bem a falácia dessa lógica no seu livro “O Jogo Infinito”. A desconstrução não é somente necessária, ela é urgente. A intimidade permite sonhar sem medo e testar caminhos que não tiveram todas as variáveis testadas. Nesse último ano onde estivemos todos presos e limitados, encontrei na intimidade uma nova fonte de oxigênio e uma nova possibilidade libertadora.

*Crédito da foto no topo: Nick Collins/Pexels

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