Os elementos essenciais para construção de valor no presente e no futuro
Dipanjan Chaterjee, vice-presidente e analista-chefe da Forrester Research, elenca formas de garantir aumento no valor das marcas
Os elementos essenciais para construção de valor no presente e no futuro
BuscarDipanjan Chaterjee, vice-presidente e analista-chefe da Forrester Research, elenca formas de garantir aumento no valor das marcas
Thaís Monteiro
3 de outubro de 2023 - 17h10
No cenário econômico atual, em que o investimento dos consumidores cai e, consequentemente, também o lucro das empresas, as marcas se questionam como manter seu valor positivo. De acordo com Dipanjan Chaterjee, vice-presidente e analista-chefe da Forrester Research, o lucro não significa um crescimento sustentável. Além disso, cerca de metade das empresas que crescem também perdem valor, pontuou.
Diante da pressão por aumento de receita, os times se questionam como criar valor imediato, mas também garantir que ele seja a prova de futuro. Ou seja, que não decaia ao longo dos anos.
Em sua palestra no MaxiMidia 2023, o VP da Forrester Reseach elencou cinco pilares que contribuem para a construção de valor presente. Além disso, ele explicou como garantir longevidade para tal conquista.
Proeminência, produto, experiência, precificação e acesso. Esses são os cinco elementos que formam o “framework” de valor.
De acordo com Chaterjee, proeminência envolve alcance, consciência, conhecimento, familiaridade, destaque e top of mind. Os investimentos em mídia, como em televisão, redes sociais e buscas são destinados a aumentar a proeminência da marca.
No campo do produto, é necessário apostar em ferramentas, funcionalidades, novas ocasiões de uso e novos produtos. O executivo pontua que, nas trocas que teve com um CMO, o profissional disse que era melhor criar novas ocasiões de uso do produto do que criar novos produtos para diferentes ocasiões, pois é mais caro.
A experiência envolve a embalagem, layout, facilidade de instalação, experiência digital e serviços ao consumidor. Por sua vez, a precificação inclui descontos (demanda elástica), aumentos (demanda inelástica), discriminação de preços e precificação dinâmica. “É preciso ter um preço eficiente para garantir mercado”, coloca Chaterjee, que cita a proposta da Apple de desenvolver novos produtos com preços mais acessíveis para crescer sua presença naquele mercado.
Por fim, acesso envolve estratégia de canais, estratégias direct-to-consumer (DTC) e maior pegada do produto. Um exemplo da diversificação de canais citado pelo VP é o TikTok Shop, que permite que as marcas cheguem onde o consumidor está.
Se criar valor de marca é um desafio do presente, garantir valor a longo prazo é algo especialmente dificultoso. Segundo Chaterjee, para isso, é necessário investir em assets e, no mundo corporativo, o asset é o brand equity. “Resumindo, a forma de atingir o brand equity é sendo incansavelmente relevante. Você precisa de relevância funcional, experiencial e cultural”, elencou.
A relevância funcional envolve investir em modernizar o produto para que ele se mantenha moderno e significativo para o usuário. Um dos exemplos citados foi o da Netflix, que evoluiu todo o mercado de aluguel de conteúdo e, posteriomente, apostou em conteúdos originais para se modernizar, e assim por diante. Da mesma forma, o executivo mencionou grandes montadoras de carros, como Jaguar, GM e Mercedez-Benz que afirmaram que seus carros serão todos elétricos, acompanhando as demandas de modernização.
A relevância experiencial trata da camada de interação da marca com o consumidor para além do produto. Com base em pesquisas, a Forrester identificou que os brasileiros são mais interessados em tecnologia e que usam mais redes sociais para descobrir marcas e produtos se comparada a média de países como Estados Unidos, França e Reino Unido. Ao mesmo tempo, apesar de afirmar que gostam de comprar produtos online (38%), mas não tanto no físico (18% preferem lojas físicas), a maior parte (56%) compra mais em lojas do que online.
Já culturalmente, é necessário incluir a marca na sociedade, alinhar o valor da empresa aos valores sociais que estão constantemente mudando. Para confirmar essa tendência, o executivo cita dados que mostram que brasileiros são os que compram de marcas que representam identidades diversas com mais regularidade e que mais apoia marcas com valores sociais.
“Conforme evoluímos, nossas crenças também evoluem e as marcas tem que acompanhar”, afirmou. Para ele, a Mattel é uma das empresas que soube modernizar e alinhar os valores da marca Barbie aos da sociedade atual e sustentar isso. Já marcas como Bud Light e Gillette adotaram posicionamentos modernos, como incluir influenciadores trans no mailing e publicar um manifesto contra a masculinidade tóxica, respectivamente, mas receberam boicotes e críticas e voltaram sua comunicação aos posicionamentos anteriores.
“Criar uma marca relevante é difícil. Isso me lembra uma frase de um famoso brasileiro (Carlos Drummond de Andrade): ‘O difícil, o extraordinário, não é fazer mil gols, como Pelé. É fazer um gol como Pelé’. Temos que marcar o gol de Pelé”, concluiu.
Compartilhe
Veja também
Disney: como estratégias integradas e narrativas conectam marcas, fãs e negócios
Adriana Vendl, head ad sales & streaming na Disney, Daniela Lopes, head brand integration, e Giselle Ghinsberg, diretora ad sales & partnerships, explicaram as estratégias da companhia para se manter líder no mercado de entretenimento
Inovação criativa e conexões estratégicas: alternativas de marketing
Superintendente de marketing e mídia do Itaú, diretora de marketing sênior das marcas mainstream & economy e sócio e vice-presidente de crescimento da Cogna falam sobre redefinição de marketing nas empresas