Giovana Oréfice
16 de abril de 2025 - 6h00
De onde vem a criatividade? Para a cantora Ludmilla, de muitas fontes, com ponto de partida na inspiração — seja invocada por uma batida, sonoridade, uma conversa, uma história e, até mesmo, das redes sociais.

Ludmilla: (Crédito: Divulgação)
Na música Meu Desapego, a cantora faz referência ao trecho de uma entrevista concedida à apresentadora Marilia Gabriela em 2013, em que dizia que ter medo de cair de moto “e se ralar”. A fala virou meme e foi até usada como gancho para campanha da Uber Moto no ano passado.
Em entrevista ao especial de aniversário de 47 anos de Meio & Mensagem, Ludmilla classifica também que momentos de fuga são essenciais, sobretudo para propiciar o surgimento de novas ideias. “Minha cabeça está sempre a mil, e se eu não tiro momentos para descansar, acabo travando. Na minha agenda, tento equilibrar, seja viajando, curtindo com minha família, assistindo séries ou só relaxando sem fazer nada”, diz.
Muitas de suas músicas também viralizam com trends em plataformas como o TikTok e Instagram. Mesmo que, segundo Ludmilla, a viralização não interfira e limite o processo criativo, ela vira estratégia de lançamento.
“Analiso se faz sentido soltar aquela música, qual o melhor timing e como o público pode se conectar com ela. As redes sociais são essenciais para divulgação hoje”, diz. “As ferramentas tecnológicas são incríveis e podem ajudar muito no processo criativo, mas a originalidade continua vindo de dentro. A música tem que ter alma, sentimento, algo que as pessoas se conectem”, complementa.
De acordo com a cantora, o desafio atual é se destacar em meio a tantas ofertas, mas vê a autenticidade e a consistência como chaves para encontrar espaço no mercado. Ludmilla ainda atravessou obstáculos para conquistar a liberdade de transitar entre gêneros, do funk, ao R&B, ao pagode, entre outros.
“Eu sou uma artista que ama música em todas as suas formas, então poder explorar diferentes estilos me mantém criativa e desafiada. É um caminho que exige muito estudo e dedicação, porque cada gênero tem sua identidade, mas eu gosto desse desafio”, conta. Ludmilla iniciou carreira na música como MC Beyoncé, inspirada na diva pop norte-americana, mas abandonou o nome artístico para dar tração e originalidade à sua trajetória.
O pagode, inclusive, lhe rendeu um de seus principais projetos, a turnê fenômeno Numanice, que roda o Brasil de norte a sul. No início de abril, desembarcou em Miami, nos Estados Unidos. Em 2024, levou a apresentação a Lisboa, em Portugal. “Foi uma surpresa muito boa ver como a nossa música atravessa fronteiras e conquista quem nem fala a nossa língua. O espaço dos artistas brasileiros lá fora está crescendo, e momentos como esse mostram que temos muito potencial para ocupar cada vez mais esse cenário global”, declara.
Seu repertório musical inclui, ainda, colaborações com o jamaicano Sean Paul, o rapper norte-americano Ty Dolla $ign, o luso-angolano Ivandro, entre outros — segundo ela, parcerias importantes para abrir portas e mostrar a riqueza da música brasileira.