Qual o efeito da Fórmula 1 para a mídia televisiva?
Animação da Globo com os direitos de transmissão reflete o potencial de negócios e prestígio que o produto gera para a grade

(Crédito: Shutterstock)
Quando anunciou, neste mês, que havia adquirido novamente os direitos de transmissão da Fórmula 1 a partir de 2026, a Globo não escondeu a alegria com a retomada do produto.
No Instagram, a empresa fez três posts sequenciais, que apresentavam a mensagem “O ronco dos motores nunca esqueceu o caminho de casa”, em alusão ao longo período em que a Globo, de fato, foi a casa da principal competição automobilística do mundo.
As celebrações também ganharam o perfil da TV Globo, bem como do SporTV e do Globoplay nas redes sociais e renderam uma matéria exibida na edição do Jornal Nacional no dia 11 de julho.
Antes do anúncio oficial ao público, o mercado publicitário já dava como certa a volta da Fórmula 1 à Globo. Apesar da proximidade do acerto entre a empresa de mídia e a Liberty Media, dona dos direitos da Fórmula 1, a Band ainda não havia desistido da negociação e chegou a fazer uma proposta para renovar a competição, que está em sua grade desde 2021.
A importância da Fórmula 1
Para a Globo, voltar a ter a Fórmula 1 em sua grade era estratégico não somente do ponto de vista dos negócios, já que o produto costuma gerar uma audiência que o mercado publicitário considera qualificada – e que, portanto, tem um grande potencial para atrair anunciantes.
Ter um produto como a Fórmula 1, de acordo com profissionais de agências de publicidade ouvidos pela reportagem, acaba gerando um prestígio para a emissora detentora que vai além das próprias transmissões das corridas.
Os direitos da competição acabam permitindo que a emissora aborde o tema em seus programas jornalísticos e até mesmo em atrações de entretenimento, ajudando a reverberar um esporte que tem conseguido renovar a base de fãs e que segue chamando a atenção de diferentes gerações.
A Globo comunicou que, pelo novo acordo com a Liberty Media, a partir de 2026 todas as provas da temporada estarão disponíveis no SporTV e no Globoplay e que metade das corridas serão exibidas na TV aberta.
Nos bastidores, circula a informação de que a Liberty Media ficou interessa pela transmissão multiplataforma e pela valorização que a Globo prometeu dar ao produto, com o potencial de aborda-lo em todo o seu ecossistema de mídia e canais.
Os patrocínios movimentados pela Fórmula 1
Nesse tempo em que permaneceu com a Band, a Fórmula conseguiu ser um dos principais produtos comerciais da casa.
Na temporada deste ano, que ainda está sendo transmitida pela emissora, a Band conseguiu atrair 8 marcas para a Fórmula 1.
McDonald’s e Santander são os patrocinadores máster, enquanto Ambipar, Claro, Heineken e BandBet completam o time de cotistas nacionais. Já Motorola e Grand Construtora adquiriram cotas regionais da transmissão.
Em 2024, a Band teve as presenças de Claro, Heineken, McDonald’s e Stone como patrocinadores másters, enquanto a Philco adquiriu o top de 5 segundos. Além dessas marcas, Mitsubishi Motors, Netflix e Shopee investiram em cotas de participação.
Enquanto ainda era um produto da Globo, a Fórmula também mantinha o histórico de ter grandes marcas atreladas à transmissão do Brasil.
No último ano em que transmitiu a Fórmula 1, em 2020, a Globo teve os patrocínios de Cervejaria Petrópolis, Nivea, Renault, Santander e TIM.
Na época, pelo plano comercial oferecido pela Globo ao mercado publicitário, cada uma das cotas de patrocínio tinha o valor de tabela de R$ 98,950 milhões. Esse valor não contemplava eventuais descontos.
Pelo fato de o produto Fórmula 1 continuar valorizado, a Globo tem expectativa de expandir os ganhos com o plano comercial da temporada de 2026, que ainda não foi apresentado ao mercado publicitário.