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Opinião

2023: A retomada dos eventos de conteúdo

Depois do isolamento e do reencontro, o momento é de melhorar e crescer


19 de maio de 2023 - 6h00

(Crédito: Golden Dayz/Shutterstock)

O desenvolvimento humano, seja no campo profissional ou pessoal, está diretamente associado aos eventos dos quais participamos. São momentos para ouvir, aprender, refletir, mentalizar e inspirar. Também são oportunidades para trocar ideias com pessoas de todos os pontos de vista. Ainda que esses momentos não tragam respostas concretas, certamente ajudam a melhorar as perguntas.

Até o início de 2020, os eventos de conteúdo eram promovidos por associações e sociedades -entidades do terceiro setor. Poucas empresas se aventuravam na condição de grandes promotores com foco em conteúdo. É um lugar arriscado, exige discernimento, imparcialidade, capacidade de ouvir (até mesmo o contraditório) para promover a convergência entre as partes que precisam se fazer presentes. As associações representavam esse lugar neutro e seguro.

Mas, mesmo nesse momento, era notável o desejo das empresas apresentarem seus conteúdos, pois dentro dos próprios eventos associativos passavam a valorizar a participação na grade de programação, como contrapartida das cotas de patrocínio.

Reclusos em casa, com tempo disponível, abertos para receber novo formato de entrega de conteúdos, em paralelo às trágicas notícias dos anos de 2020 e 2021, executivos de todos os setores assistiram ao surgimento de um volume enorme de conteúdos, promovidos pelos mais diversos grupos.

O mercado de influenciadores é um bom exemplo. Esse segmento surgiu antes da Pandemia, mas certamente se fortaleceu nesse período. Essas personalidades ocuparam um espaço afetivo que antes era preenchido pelo networking presencial. Hoje, os influencers vendem ingressos a valores inimagináveis e lotam os maiores centros de eventos do país.

As empresas também entenderam que, se revertessem em projetos proprietários parte do investimento antes destinado a outros promotores, se tornariam protagonistas de suas próprias histórias.

No caso das associações, entretanto, a capacidade de promover mudanças é bem mais lenta. A decisão é colegiada, nunca parte de uma só pessoa e quase nenhuma delas aceita que as suas imagens estejam vinculadas a alguém. Ao mesmo tempo o desafio administrativo e financeiro batia à porta, pois projetos estavam vendidos e as entregas precisavam ser redesenhadas. A própria cobrança de anuidades ou mensalidades em um período tão incerto, com tamanha diminuição de renda, acabou sendo um limitador.

Depois de dois anos com tanto conteúdo, o desejo imediato das pessoas pós-pandemia era se encontrar, abraçar e celebrar. Isso fortaleceu o entretenimento e as feiras de negócios tornando o ano de 2022 desafiador para os eventos de conteúdo e para aqueles com temática cultural. Tirar as pessoas de casa ou de seus escritórios ficou muito mais difícil.

Ainda nessa euforia do reencontro e dos abraços, vivemos em 2022 a eleição mais polarizada de nossa história. Foi uma das primeiras vezes que o assunto tomou o ano todo, não só o período de agosto a novembro. Com isso, muitas decisões corporativas e até mesmo governamentais acabaram não sendo tomadas justamente a espera do resultado e das articulações posteriores.

São severas as consequências dessa polarização para a sociedade que diminuiu sua disposição ao diálogo, se fechou em convicções de forma agressiva e violenta, substituindo argumentos por irracionalidades verbais.

Ainda na ressaca do resultado das eleições, vivemos a Copa do Mundo e 2023 chegou de repente. Os reencontros e abraços se tornaram recorrentes. Acabou a novidade de voltar ao passado recente. Restou a possibilidade de aprender, melhorar, crescer. Nenhuma sociedade vive sem boas discussões e referências.

Por tudo isso, o ano de 2023 será o da retomada dos eventos de conteúdo, que chegam totalmente repaginados, com muito mais experiências, em novos formatos, aplicando os aprendizados operacionais, testando e validando as hipóteses criadas, agora transformadas em teses.

Aprender e conviver é fundamental. Respeitar as diferenças. É preciso saber ouvir para melhor dizer o que os eventos de conteúdo ensinaram ao longo de todo tempo.

E aí? qual é o próximo?

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