Ondas de transformação

Nas últimas décadas, as agências de publicidade brasileiras enfrentaram — e seguem enfrentando — ondas sucessivas de transformação. Algumas previsíveis. Outras, absolutamente disruptivas.

Em meio a esse cenário, é cada vez mais evidente que o papel das entidades setoriais precisa deixar de ser apenas representativo e se tornar também profundamente estratégico.

É nesse espírito, e para contribuir, que estou me juntando à Abap – Espaço de Articulação Coletiva do Ecossistema Publicitário, com imenso orgulho e senso de responsabilidade. Serei advisor. Eles estão me contratando para isso.

E a culpa dessa quase insanidade é da Marcia. Vocês sabem, a Esteves, presidente da Abap. A Marcia é o que todos sabemos: líder entusiástica, corajosa, engajadaça e visionária. Foi reeleita para o biênio 2025/2027 por isso.

A Marcia tem liderado a Abap com um plano ambicioso de modernização e impacto, que vai muito além da retórica institucional. É uma agenda de futuro, que não apenas reconhece os desafios atuais do mercado, mas, principalmente, suas oportunidades — especialmente no que diz respeito às novas tecnologias e à inteligência artificial (IA).

Preciso – precisamos – aproveitar toda essa potência a favor do mercado. Minha contribuição estará concentrada, isso já alinhado com a Marcia, em algumas frentes, entre elas:

1. Suporte técnico para uso de IA por agências de publicidade. Porque falar sobre IA de maneira genérica não basta. É preciso ir além do hype, do medo e da confusão conceitual. Vamos ajudar as agências a entender o real potencial das tecnologias generativas para o core da comunicação criativa.
2. Elaboração de uma Norma Técnica de Boas Práticas Éticas em Prêmios e Festivais. A credibilidade das premiações depende de critérios sólidos, transparentes e justos. Num momento em que o mercado clama por integridade, essa iniciativa é essencial para restaurar e proteger a confiança.
3. Desenvolvimento de um curso proprietário da Abap para formação de profissionais em IA. Não basta contratar talentos “tech”. É preciso formar profissionais que unam sensibilidade criativa com fluência tecnológica. Vamos construir esse caminho juntos.

Esta nova etapa me reconecta mais diretamente à entidade num momento-chave.

Tive a honra de ser o autor do livro comemorativo de 60 anos da instituição. Agora, vou tentar contribuir ainda mais, hands on.

Aproveito para retomar alguns pontos que podem eventualmente ajudar aqui e ali as agências no atual momento.

Estilinho GPT, mas que funciona…

Para a Gestão da Agência

1. Reestruturação Inteligente
   • Análise de funções: mapeie redundâncias e identifique gaps de competências
   • Modelos híbridos: combine equipe fixa com freelancers especializados
   • Células multidisciplinares: crie times ágeis com profissionais T-shaped
2. Diversificação de Receitas
   • Novos serviços: consultoria digital, growth hacking, employer branding
   • Modelos de negócio: revenue share, subscription, licensing de metodologias
   • Mercados emergentes: PMEs, nichos especializados, mercados regionais
3. Otimização de Custos
   • Gestão financeira: orçamento base zero, renegociação de contratos
   • Automação: ferramentas de IA, sistemas integrados, workflows digitais
   • Eficiência operacional: espaços flexíveis, processos automatizados;
4. Para os Profissionais
   • Desenvolvimento de Novas Competências
   • Habilidades técnicas: marketing digital, análise de dados, automação
   • Soft skills: adaptabilidade, pensamento estratégico, liderança
   • Especialização: expertise em nichos + visão ampla de negócios
5. Networking e Personal Branding
   • Rede profissional: eventos, comunidades, plataformas digitais
   • Autoridade: produção de conteúdo, participação em debates
   • Diversificação: freelance, consultoria, produtos digitais

Aspectos Legais Essenciais

• Conformidade Trabalhista
• Cumprimento da CLT em demissões
• Alternativas: banco de horas, redução proporcional, férias coletivas
• Documentação adequada de performance
• Assessoria jurídica especializada

Transformação Digital

• Modernização Necessária
• Infraestrutura: migração para nuvem, ferramentas colaborativas
• Capacitação: treinamentos em ferramentas digitais, metodologias ágeis
• Cultura digital: mindset inovador, experimentação, agilidade

Gestão de Crises

• Comunicação Estratégica
• Transparência: reuniões regulares, comunicação preventiva
• Suporte: programas de recolocação, apoio psicológico
• Transição: processos humanizados, manutenção de relacionamentos

A sobrevivência exige adaptabilidade, inovação e execução estratégica.

O sucesso estará em equilibrar eficiência operacional com investimento em pessoas, criando estruturas resilientes que prosperem independentemente das condições de mercado.

A implementação gradual dessas estratégias, combinada com monitoramento constante, aumentará significativamente as chances de navegação bem-sucedida neste período desafiador.

Esta indústria precisa, com urgência, ser protagonista da sua própria reinvenção. Não é mais tempo de discursos protocolares. Muito menos de medo. É tempo de ação coordenada, ousadia ética e visão transformadora.

Vamos em frente. Juntos, que é sempre bem mais legal.