Opinião

A métrica visível por trás do sucesso da publicidade

O que importa não é apenas quantas pessoas foram expostas a uma mensagem, mas quantas realmente a absorveram

Leo Khede

Diretor sênior de publicidade da Netflix para a América Latina 11 de novembro de 2025 - 14h00

A atenção é hoje a métrica mais importante para a publicidade moderna. Durante décadas, o mercado se guiou apenas por dados tangíveis — números, muitos números de alcance, frequência, visualização. Em um tempo de poucos meios e consumo previsível, esses dados bastavam para contar boa parte da história. Porém, hoje as pessoas têm mais opções de escolha do que nunca — e, entre elas, o poder de ignorar. A atenção, que antes vinha por inércia, tornou-se rara. E é justamente essa escassez que a torna o ativo mais valioso da era atual da comunicação.

Em um ambiente de mídia fragmentado e hiperconectado, marcas já sabem que não podem apenas anunciar — precisam entreter, ser vistas e lembradas. A diferença entre uma campanha passageira e uma que dança com a cultura está na capacidade de capturar e sustentar a atenção genuína das pessoas — aquela atenção no que elas escolhem ver.

Mais do que uma métrica, atenção é o reflexo da conexão emocional entre uma mensagem e seu público. Representa o impacto real do momento em que as pessoas deixam de ser audiência e passam a fazer parte da experiência. Entender e medir esse tipo de engajamento é essencial para um mercado que busca relevância e impacto de conexão em meio a infinitas distrações.

E nenhum outro meio concentra tanta atenção quanto o streaming. Este é o território onde a atenção vive em seu estado mais puro. Trata-se de um ambiente de escolha ativa, onde as pessoas decidem exatamente o que assistir ou se deixam recomendar por algo que corresponda às suas preferências. É intencional sentar-se no sofá e dedicar tempo àquilo. Essa combinação de controle e intenção cria um ambiente de engajamento profundo, em que o conteúdo não compete com outros ruídos, e faz do entretenimento no streaming o formato com maior índice de pessoas presentes. Para marcas e agências, isso representa uma oportunidade rara: comunicar-se com quem realmente está ali, disposta a ver e ouvir.

Essa mudança de olhar exige uma nova forma de pensar sobre criatividade e contexto. É preciso criar histórias que conversem com o comportamento de quem consome conteúdo sob demanda e que, de certa forma, façam parte do que elas estão assistindo. Combinar tecnologia, criatividade e dados é o que permite criar campanhas que inspiram fandoms. E isso convida a uma colaboração próxima entre anunciantes, agências e espaços de mídia.

Quando uma marca fala a linguagem do entretenimento, respeitando o ritmo e o interesse das pessoas, ela conquista algo muito mais raro que um clique: conquista conexão. É isso o que separa a visibilidade da verdadeira influência. O que importa não é apenas quantas pessoas foram expostas a uma mensagem — o número pelo número — e, sim, quantas realmente a absorveram.

Atenção é a métrica. E, ao contrário do que se pensa, é tangível, é visível. Não aparece em dashboards e não se resume a números ou impressões, mas se manifesta na imersão, na conexão emocional e na disposição do público em participar. É extremamente mensurável nos efeitos que gera: lembrança de marca, conversas orgânicas, engajamento real. E revela o que sempre moveu a boa publicidade: a capacidade de contar histórias que verdadeiramente importam. Reconhecê-la é reconhecer o que realmente faz diferença nos dias de hoje.

Num mundo saturado de estímulos, as pessoas não prestam atenção porque precisam — elas prestam atenção porque querem. E é exatamente nessa conexão que começa o verdadeiro sucesso.