Opinião

Comunicar para o futuro

Por que marcas precisam participar da transformação sustentável agora

Sérgio Lopes

Sócio-diretor da Conteúdos Diversos 6 de novembro de 2025 - 6h00

Em tempos de emergência climática e desinformação, comunicar não é mais apenas falar, é agir. As marcas que entenderem isso primeiro vão ocupar o espaço simbólico deixado por quem ainda hesita.

Há décadas a publicidade aprendeu a vender emoção, propósito e pertencimento. Mas, diante da crise climática e social que redefine comportamentos, a comunicação precisa evoluir novamente, agora, da mensagem ao movimento. O público não quer apenas saber o que as marcas pensam; quer ver o que elas fazem, como agem e o que transformam.

Estamos entrando na era do “valor invisível”, aquele que não aparece nas planilhas de ROI, mas que consolida reputação, confiança e preferência. É o valor construído pela coerência: quando o discurso se converte em prática e a prática se torna conteúdo legítimo. Quando comunicar passa a ser, literalmente, agir.

Não se trata de trocar slogans por relatórios ESG, nem de inundar as redes com campanhas de boas intenções. Trata-se de usar o poder da comunicação para acelerar mudanças reais, conectando criatividade, propósito e impacto mensurável. Marcas que apoiam projetos culturais, ambientais ou sociais já perceberam que esses investimentos não são “patrocínio”: são parte de uma nova estratégia de valor.

O desafio é fazer com que essas ações deixem rastros. Quando um projeto patrocinado gera aprendizado coletivo, mobiliza comunidades e inspira novos comportamentos, ele se torna um legado midiático — uma forma de comunicar o futuro enquanto o constrói.

As novas gerações estão pedindo isso, e o mercado também. A era do greenwashing está acabando; o que se consolida agora é o greenbuilding — construir reputação com base em ações tangíveis, visíveis e comunicáveis.

Para os diretores de marketing e sustentabilidade, o convite é simples, mas urgente: ousar sair do discurso. Investir em narrativas que mostrem soluções, não apenas intenções. Ampliar o alcance de iniciativas que já existem dentro das empresas, conectando-as a projetos criativos capazes de inspirar, educar e transformar.

A boa notícia é que há um ecossistema inteiro pronto para apoiar essa virada com produtores, criadores e comunicadores que unem linguagem, impacto e estratégia para transformar a comunicação em ferramenta de regeneração.

Porque o futuro, esse que queremos viver, será narrado por quem tiver coragem de construí-lo.

E, neste novo cenário, comunicar é agir.