Opinião

2026–2030: o incrível ciclo do esporte 

Entenda como os diferentes eventos poderão ser grandes plataformas de marca

Felipe Soalheiro

CEO da Playmaker 31 de outubro de 2025 - 14h00

Da Copa do Mundo de 2026 ao seu Centenário em 2030, o esporte atravessará um ciclo sem precedentes. Copa Feminina no Brasil em 2027, Olimpíadas em Los Angeles em 2028 e a segunda Copa do Mundo de Clubes em 2029 transformam o calendário em um arco histórico que recoloca a América do Sul — e especialmente o Brasil — no centro da cena.

Em 2023, escrevi sobre o “ciclo virtuoso” de 2024 a 2028. Desde então, hipóteses viraram fatos: o Brasil foi confirmado como sede da Copa Feminina, a FIFA consolidou a Copa do Mundo de Clubes e definiu o torneio de 2030 em seis países e três continentes, com possibilidade inédita de reunir 64 seleções. O que era promissor tornou-se muito maior: 2026 a 2030 será um período que mudará o esporte — e, com ele, o marketing.

A pergunta que se impõe às marcas é direta: quando o apito final da Copa de 2026 soar, o que sua marca terá construído até lá, para pavimentar o futuro dela no esporte?

2026 — A Copa do Mundo em escala máxima

Com 48 seleções e 104 jogos, o Mundial de 2026 será o maior da história. Mas não é apenas o tamanho que importa: é a transformação do ecossistema.

No Brasil, a Globo terá concorrência na TV aberta pela primeira vez desde 2014, com o SBT e a N Sports em movimento. A disputa pela atenção também passa pelas plataformas digitais: a CazéTV transmitirá todos os jogos no YouTube e ainda lançará a Casa CazéTV, projeto que promete ser o maior hub de brand experience da história do país.

O resultado será um ambiente de múltiplos players competindo pela atenção do torcedor. Para as marcas, não basta “aparecer”: será preciso orquestrar narrativas multiplataforma, integrando TV, streaming, social e experiência ao vivo.

2027 — O mundo olha para o Brasil e para elas

Se 2026 trará escala, 2027 trará protagonismo. Pela primeira vez, o Brasil sediará a Copa do Mundo Feminina da FIFA — o torneio que mais cresce em audiência e relevância.

Em 2019, a edição francesa alcançou 1,12 bilhão de espectadores; em 2023, o número cresceu ainda mais. Agora, esse crescimento desembarca em solo brasileiro, onde a paixão pelo futebol se combina com narrativas de inclusão, diversidade e transformação social.

Para as marcas, é um território menos saturado, com espaço para diferenciação autêntica. Enquanto a Copa Masculina frequentemente sobrepõe dezenas de patrocinadores, a Copa Feminina oferece margem para quem deseja construir legado. Mas atenção: quem chegar na véspera encontrará os melhores ativos já ocupados.

2028 — Jogos Olímpicos Hollywoodianos

Los Angeles promete a edição mais conectada da história dos Jogos Olímpicos. Transmissões em múltiplas telas, conteúdos curtos e virais, ativações em realidade aumentada e virtual — tudo isso no epicentro global do entretenimento.

Se no Brasil já acompanhamos atletas em tempo real no Instagram ou no TikTok, em Los Angeles cada performance poderá virar conteúdo viral instantâneo. Para marcas, é a chance de participar da narrativa global em tempo real — ou de perder espaço em segundos.

Mas há uma lição essencial: os Jogos Olímpicos são rito, não rotina. Cada medalha é fruto de anos de preparação e compromisso absoluto, como mostraram Rebeca Andrade, Isaquias Queiroz e Rayssa Leal em Paris 2024. Marcas que desejam brilhar em 2028 precisam estar desde já na jornada desses atletas. Relevância olímpica não se compra na véspera.

2029 — O palco global dos gigantes

Se a Copa é das nações, 2029 será dos clubes. A nova Copa do Mundo de Clubes da FIFA oferece, enfim, um palco à altura de marcas globais como Real Madrid, Chelsea, Flamengo ou Palmeiras.

A edição inaugural de 2025 já mostrou a força: 32 clubes, audiência global e engajamento digital comparável a torneios centenários. Em 2029, o torneio retorna ampliado, com o Brasil como forte candidato a sediar — e suas torcidas locais, conhecidas pela intensidade, podem se tornar protagonistas em escala planetária.

Para marcas, é uma oportunidade rara de unir alcance internacional e paixão cotidiana. Quem duvidou em 2025 não terá desculpas em 2029.

2030 — O Centenário da Copa do Mundo

Cem anos depois de Montevidéu, a Copa retorna às raízes — e vai além delas. A edição de 2030 será panregional, atravessando três continentes. E pode ser ainda maior: CONMEBOL e FIFA discutem a expansão para 64 seleções, o que traria mais partidas para Argentina, Uruguai e Paraguai.

Será mais que um torneio: uma celebração cultural planetária. Para o Brasil, a proximidade geográfica e emocional com os vizinhos coloca o país no epicentro do evento, mesmo sem jogos em seu território.

O recado é simples: não basta estar presente em 2030. É preciso começar agora a construir narrativas sólidas e conexões autênticas com os fãs. Quem deixar para a última hora estará fadado a pagar caro por espaços já dominados e ocupará apenas papel secundário em um espetáculo feito para protagonistas.

A oportunidade começa agora

De 2026 a 2030, o esporte não será apenas plataforma: será o epicentro da cultura global. Uma sequência rara, que mistura escala inédita, diversidade em expansão, inovação acelerada e a memória de 100 anos de Copa.

As marcas que entenderem isso desde já não estarão apenas presentes — estarão no centro da conversa, vivendo de dentro uma festa que promete redefinir negócios, consumo e emoção.