Opinião

A inteligência artificial já transformou o presente

Quem não entender isso ficará para trás, pois o futuro não será das máquinas, mas de quem souber trabalhar com elas

Ruy Kameyama

CEO da AR&Co 30 de outubro de 2025 - 14h00

A inteligência artificial (IA) deixou de ser uma promessa do futuro e se tornou um fator determinante para empresas que buscam eficiência, inovação e escala. Em 2025, a pergunta já não é mais “se” devemos adotar IA, mas “como”, “quanto” e “com que responsabilidade”.

Recentemente, participei de um encontro em Harvard com CEOs de diferentes países e ficou evidente que as empresas que lideram a implementação de IA já conquistam vantagens competitivas de anos à frente daquelas que ainda resistem ou fazem uma adoção superficial. Essa diferença se manifesta em todos os níveis: desde ganhos operacionais até avanços criativos e estratégicos.

O impacto econômico global é expressivo. Segundo o McKinsey Global Institute, a IA pode adicionar até US$ 4,4 trilhões por ano à economia mundial. No Brasil, estudos conduzidos pela Microsoft em parceria com a Edelman mostram que cerca de 74% a 75% das micro, pequenas e médias empresas já relatam efeitos positivos com o uso da tecnologia, como maior agilidade e melhoria na qualidade do trabalho, e 77% dos tomadores de decisão afirmam que a IA está acelerando processos internos.

No ambiente corporativo, os usos vão muito além da automação básica. A IA já está sendo aplicada em cadeias logísticas, otimização de estoques, previsão de demanda, atendimento ao cliente, prototipagem, marketing e vendas. Tarefas que antes exigiam semanas podem hoje ser executadas em dias ou até horas, com menor margem de erro e maior consistência operacional.

Em áreas criativas, a IA tem apoiado a geração de estampas, a prototipagem digital, a produção de campanhas publicitárias e a criação de imagens para e-commerce e B2B. Também há um uso crescente de modelos gerados por IA em peças de comunicação, reduzindo riscos jurídicos e prazos de produção, sempre mantendo o controle humano sobre direção de arte e conceito criativo.

Outro movimento relevante tem sido o desenvolvimento de ferramentas internas personalizadas, baseadas em modelos generativos como o ChatGPT, para apoiar times de vendas e comunicação.

Essas soluções oferecem roteiros, sugestões de linguagem, mapeamento de tendências, legendas e conteúdos otimizados, escalando conhecimento e padronizando entregas. Em muitos casos, o uso dessas plataformas reduz em até 75% o tempo de produção de materiais e gera economias significativas em campanhas e modelos.

Importante destacar que a IA não substitui pessoas, ela transforma o papel que elas exercem. Ao automatizar tarefas repetitivas, empresas têm conseguido liberar seus times para focar em atividades mais estratégicas, como design, inovação e construção de marca. Recursos antes destinados exclusivamente à produção estão sendo redirecionados para capacitação em novas ferramentas e metodologias. Em algumas organizações, os investimentos em treinamento já superam a marca de centenas de milhares de reais, acompanhados de diretrizes éticas claras para garantir uso responsável e transparente.

Hoje, a tecnologia é vista como uma alavanca estratégica tão central quanto produto e branding. Os ganhos de eficiência e operação frequentemente superam o investimento inicial, com reduções de custo que chegam a 70% em determinados processos.

Se o Brasil conseguir ampliar sua adesão plena à IA, estudos indicam que o País poderá adicionar entre 1,8 e 4,2 pontos percentuais ao PIB até 2030, dependendo da intensidade e do alcance dessas tecnologias.

A conclusão é clara: o futuro não pertence às máquinas, mas a quem souber trabalhar com elas. A IA já está redefinindo mercados, cadeias produtivas e modelos criativos, e quem entender isso a tempo estará mais bem preparado para liderar a próxima década.