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Acertos e erros

Pré-temporada do governo Lula 3 retoma agenda climática e ambiental sintonizada com o mundo, mas escorrega na conquista de confiança de que será capaz de orquestrar a conjunção de interesses fiscais e sociais


22 de novembro de 2022 - 15h00

COP27

(Crédito: rafapress-shutterstock)

A crise de credibilidade no trato com as contas públicas nacionais, provocada pelo já anunciado aumento nos gastos; os efeitos da desaceleração na conjuntura internacional, puxada pela previsão de “leve recessão” nos Estados Unidos em 2023; e a expectativa em relação a uma possível reversão do ciclo de aperto monetário, com menores taxas de juros, estão entre os aspectos que anuviam as perspectivas para a economia brasileira no ano que vem, o primeiro do governo Lula 3.

Por outro lado, a desaceleração da inflação e a queda no desemprego são indicadores otimistas importantes para balizar o planejamento futuro das empresas e do novo governo, a quem caberá as habilidades de orquestrar a conjunção de interesses das áreas fiscal e social e de alimentar a confiança no real enquanto destino de investimentos internacionais.

As correções na agenda ambiental, indicadas pela passagem do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva pela COP27, na semana passada, no Egito, são outro prenúncio positivo para a retomada de rota na questão da sustentabilidade climática e ambiental e maior sintonia com as premissas da agenda ESG.

Como fez nos últimos três anos, Meio & Mensagem mantém a publicação no mês de novembro do projeto especial Caminhos do Crescimento, com o propósito de oferecer análises e projeções ao planejamento de negócios das empresas para o ano seguinte, com reportagens e entrevistas que tratam dos impactos da economia nas transformações pelas quais passam as marcas, a comunicação, o marketing e a mídia.

No embalo da reação do mercado, da Bolsa e do dólar à defesa de Lula pelo fim do teto de gastos e às cobranças pelo anúncio da equipe econômica ministerial do novo governo, a primeira reportagem deste especial, assinada pela editora Roseani Rocha e publicada nas páginas 30 a 33, debate as incertezas geradas pelo compasso de espera. Para o consumo, que move as marcas, a atenção é em relação à manutenção de seus três pilares básicos: a renda, que depende dos níveis de empregabilidade, o controle à inflação e a gestão da economia.

O caráter conciliador e pragmático que Lula demonstrou em governos anteriores nutre a esperança por estabilidade sem os desvios de atenção — e de energia — e o poder gerador de tensões — algumas delas artificiais — que marcaram o mandato de Jair Bolsonaro.

Não bastasse a necessidade de enfrentar a volatilidade da economia, a indústria ainda lida com uma época de polarização, que impacta suas estratégias de comunicação.

Como comprovam desdobramentos pós-eleição, o clima de polarização sociocultural se mantém como tendência, desafia e coloca sob pressão áreas de marketing e agências nas definições de posicionamentos para as marcas. Além disso, impacta abordagens para públicos mais amplos com os quais as estratégias de negócios precisam lidar — extremistas de lados opostos consomem a mesma cerveja, são clientes do mesmo banco ou compram roupas na mesma loja.

Os cuidados nas escolhas dos discursos para promover diálogos engajadores com o público são o tema da reportagem da editora Isabella Lessa, nas páginas 14 e 15. O desafio é caminhar em um cenário tenso, moldado pelas redes sociais e dominado por opiniões e gestos extremistas, que aplicam a tudo a lógica binária, enxergam antagonismo em qualquer tema e geram insensatez e desinformação, alimentando o ambiente arenoso e imediatista no qual as marcas precisam se movimentar.

Para quem opta pelo caminho da convergência, é preciso driblar fricções e furar “bolhas”, sem estardalhaço. Mas a tomada de posição também é uma alternativa, especialmente para as marcas mais maduras e confiantes de que seus posicionamentos estejam alinhados a suas práticas, reforçando laços e gerando ganho de relevância com seu público prioritário.

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