Além do like
O papel estratégico da área jurídica na relação entre marcas e influenciadores
O papel estratégico da área jurídica na relação entre marcas e influenciadores
22 de novembro de 2024 - 12h47
Vivemos um momento em que o marketing de influência molda hábitos de consumo e dita tendências: segundo levantamento da Opinion Box em parceria com a Influency.me, 75% dos entrevistados já realizaram algum tipo de compra após a recomendação de um influenciador nas redes sociais no Brasil. Neste cenário, a relação entre marcas e influenciadores digitais transcende a mera publicidade. Ela se torna uma poderosa ferramenta estratégica, capaz de impulsionar o reconhecimento da marca, fortalecer a conexão com o público e, consequentemente, alavancar as vendas.
No entanto, essa parceria, por vezes, navega em ambientes desafiadores, com nuances legais e riscos que podem minar até mesmo uma campanha que tem tudo para dar certo. E as marcas estão atentas aos riscos, como mostra o Relatório Benchmark do Estado do Marketing de Influência em 2024. De acordo com a pesquisa, 71,7% das empresas pesquisadas ainda temem sofrer golpes de influenciadores. O número representa um aumento de 7% em relação ao ano anterior. Este aumento tem uma explicação: segundo o mesmo levantamento, o número de empresas que afirmam ter sofrido golpes do tipo subiu de 31% em 2022 para 59,8% neste ano.
Para que golpes em parcerias com influenciadores não aconteçam, a área jurídica exerce o papel importante de guiar empresas e criadores de conteúdo digital em direção a parcerias transparentes e seguras. A importância estratégica do departamento jurídico se manifesta em cada etapa da relação marca-influenciador. A atuação preventiva, nesse caso, é fundamental. A revisão cuidadosa de contratos, com cláusulas específicas sobre a relação com os influenciadores e as especificidades de cada negócio e projeto apresentado, garante que os interesses da empresa estejam protegidos e que o negócio experimente uma verdadeira vantagem competitiva. O endereçamento adequado em contrato de temas críticos como direitos de imagem, propriedade intelectual, confidencialidade, prazos e regulação do mercado em que a empresa atua, por exemplo, previne futuros conflitos e garante o cumprimento das obrigações, o que causa um impacto positivo nas marcas, produtos e da reputação corporativa.
A evolução da atuação jurídica nesse cenário demonstra uma mudança de paradigma. O jurídico, que antes era destinado a um papel reativo, com atuação apenas em momentos de crise, assume uma postura proativa e deve atuar lado a lado com o marketing desde a concepção da campanha. Essa mudança exige compreensão do universo digital por todas as partes. Empresa e área jurídica precisam conhecer as plataformas utilizadas e o público-alvo. Só assim é possível que o jurídico atue como um conselheiro estratégico. Essa aproximação com as agências e a construção de um canal de comunicação transparente contribuem para a criação de um ambiente de parceria mais sólido e confiável.
Compreendemos o mercado, os desafios e as tendências das agências criativas. Por isso, adotamos o guia de influenciadores do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar). Esse guia também foi adotado por associações e especialistas de mercado, que geralmente estão antenados às tendências. Essa prática nos permite incorporar uma perspectiva externa para alcançar a melhor abordagem na área. A expectativa para o futuro é que o relacionamento entre empresas e influenciadores seja norteado pela previsibilidade e pelo cumprimento de acordos e valores éticos, promovendo um ecossistema de negócios mais maduro e profissional, com impacto positivo para nossos consumidores e para a sociedade como um todo.
Empresas que ainda não possuem um processo jurídico bem estruturado para lidar com a contratação de influenciadores correm riscos que podem comprometer toda a estratégia da marca. A mensagem é clara: a área jurídica é fomentadora e viabilizadora da estratégia de negócio da empresa, e serve como um conselheiro estratégico, que contribui para o sucesso da companhia e para a construção de relações lucrativas e de valor.
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