Com investimentos em reputação crescendo, diversidade de ferramentas de comunicação viram trunfo
A concepção equivocada, por exemplo, de que um único profissional pode dominar todas as nuances do setor é uma ideia que precisa ser superada
Há algum tempo, faturamento positivo e alta produtividade eram métricas e condições suficientes para considerar que uma empresa atingiu o sucesso. No cenário atual, entretanto, um fator passa a se consolidar cada vez mais como parte fundamental dessa equação: a reputação.
Diante da expansão da nova economia, muitas marcas já identificaram a necessidade de ir além de apenas participar ou estarem incluídas nos debates do mercado, e entenderam que o seu posicionamento é um princípio decisivo para a construção e manutenção de um impacto sobre o seu segmento de atuação.
A partir disso, grande parte das empresas têm repensado suas estratégias de comunicação, chegando à conclusão de que precisam ir além dos tradicionais esforços de marketing para construir e sustentar uma imagem corporativa sólida e confiável.
Isso está longe de querer dizer, no entanto, que elas estão se distanciando das agências e assessorias. Segundo dados da própria ABRACOM (Associação Brasileira das Agências de Comunicação), o setor faturou R$ 4,9 bilhões em 2022 e teve projeções de crescimento na casa dos 15% aos 20% no ano passado.
O que as companhias perceberam é que os discursos agora precisam assumir novos objetivos. Somente apresentar produtos e serviços já não é mais o bastante. É necessário que esse trabalho comunicacional construa uma notoriedade que acompanhe e posicione a sua marca, funcionando como um pilar fundamental para o crescimento sustentável e longevidade em um mercado cada vez mais saturado e competitivo.
Não é à toa, portanto, que, segundo a Pesquisa Nacional sobre o Impacto de Relações Públicas no Mercado de Inovação, desenvolvida pela MOTIM, 95% das empresas de inovação hoje estão em busca de estratégias de comunicação que garantam maior visibilidade e credibilização de marca no mercado. Ainda pelo mesmo caminho, o estudo também destaca que a intenção de 98% das marcas de inovação é aumentar ou manter os investimentos em fortalecimento de sua reputação institucional.
Mudança de rumos
Diante dessa virada de chave, o mercado de relações públicas se vê obrigado a ampliar e diversificar o seu leque de serviços, uma vez que somente as soluções tradicionais não contemplam esse caminho exigente e de novas demandas. Esta evolução no escopo dos serviços de RP carece de uma abordagem mais abrangente e integrada à comunicação corporativa, que passa a contar com novos mecanismos e estratégias que, em conjunto, constroem uma narrativa de maior impacto.
O resultado dessa reestruturação na oferta de entregas é a consolidação das agências full service, modelo este que busca envolver a marca parceira em um verdadeiro ecossistema comunicacional mais amplo, diversificado e que seja responsável por sustentar diálogos e produtos que promovam uma reputação robusta. O grande desafio e objetivo com esse trabalho integrado, porém, é conseguir transformar o interesse, que fatalmente seria diluído ao longo tempo em um trabalho de assessoria desacompanhado, em um engajamento contínuo que, por consequência, gere lealdade e, por fim, vendas.
A partir dessa perspectiva full service, as agências passam a permitir uma visão mais integrada e coesa de toda a jornada de impacto da marca no relacionamento com o cliente. Sendo assim, enquanto esse modelo coeso assegura que cada esforço seja maximizado, resultando em um retorno sobre o investimento mais claro e assertivo, a fragmentação dos serviços entre diferentes fornecedores tende a diluir a essência e o impacto das ações.
Contudo, a adaptação a este novo paradigma de mercado também representa um desafio adicional para as agências que almejam expandir seus serviços. A concepção equivocada, por exemplo, de que um único profissional pode dominar todas as nuances do setor é uma ideia que precisa ser superada.
A partir dos novos rumos do mercado, a especialização torna-se fundamental, já que cada área – seja ela conteúdo, assessoria de imprensa ou marketing digital – demanda habilidades e visões estratégicas específicas. E é justamente aí que reside o grande desafio atual das agências de relações públicas: saber integrar de forma eficiente as diferentes esferas de trabalho, maximizando o impacto e suas ferramentas, sem perder a coesão estratégica.