E depois dos festivais e eventos de inovação…
Precisamos tomar cuidado de não separar o mundo das inspirações das práticas que impactam o negócio. Uma reflexão do que podemos fazer na segunda-feira depois de tanto conteúdo e motivação
E depois dos festivais e eventos de inovação…
BuscarE depois dos festivais e eventos de inovação…
BuscarPrecisamos tomar cuidado de não separar o mundo das inspirações das práticas que impactam o negócio. Uma reflexão do que podemos fazer na segunda-feira depois de tanto conteúdo e motivação
Há bastante tempo os festivais de inovação e eventos corporativos fazem parte da agenda dos profissionais de diversos segmentos. Na última década, isso cresceu ainda mais (se pensar o pós pandemia, foi exponencial).
Eu, particularmente, adoro participar pois é uma das poucas maneiras de sair da pressão de quem empreende em empresa pequena e acaba vivendo a maior parte do tempo na cozinha da operação. Aliás, umas semanas atrás voltei do Hacktown, um dos grandes festivais do país e, já se pode dizer, do mundo. Um final de semana mágico de encontros, pensamentos, conexões e sentimentos (quem ainda não foi, vá! Amo desde sempre e lá aconteceram passos muito importantes pra minha caminhada como empreendedor).
Mas voltando ao ponto, o pensamento de hoje vale tanto para festivais dos mais diversos tamanhos, dentro ou fora do Brasil, quanto para os milhões de eventos de inspiração, inovação e desenvolvimento de profissionais.
Eles tem papel fundamental na jornada executiva de se movimentar. São, sem dúvida alguma, elemento importante para agregar visão, inspiração, repertório e imaginação do que queremos e podemos fazer no nosso trabalho. Além de ser a melhor forma de nutrir relacionamentos e contatos vitais para se atuar em rede. Aliás, continuem me convidando 🙂
Diante da rotina executiva maluca, o que vejo acontecer é a polarização de dois mundos
que não deveriam andar separados:
A inspiração e a ação. (certamente já brinquei com a palavra em outro artigo, mas pra quem não viu lembre sempre que ação tá dentro da inspira-ação).
Acho perigoso limitar nossas idas aos eventos e festivais a uma busca de alívio pra realidade, um mundo invertido tipo do Stranger Things, só que bem mais colorido, animado, feliz. Onde tudo é lindo, lúdico e todo mundo tão f* quanto no Linkedin.
Onde lavamos a alma e nos enchemos de esperança mas que, em alguns dias, nossas vontades e inspirações morrem como um brinquedo novo que a criança se acostuma e deixa de lado. E bate o desespero de precisar rapidamente mais um evento como um tubo de oxigênio pra lidar com mais algumas semanas chatas.
Sabe aquele chefe ou colega que chega e marca reunião pra contar tudo do evento? Então. É muito legal, mas… e depois?
Pensando alto aqui, a gente deveria ter recursos e atitudes para traduzir aprendizados inspiradores em próximos passos impactantes para a empresa. Ferramenta e plano de ação mesmo, na marra, forçando agenda, protegendo gente pra pensar e tratar o assunto.
Tem coisas que pra competir com a agenda só virando tarefas. Pra competir com metas, só virando meta.
A incorporação dos insights inspiradores na prática da empresa estão na sua agenda como parte do trabalho? Com tempo de lidar, documentar, decidir e implantar?
Não fique com vergonha, a maioria das pessoas nesse momento está respondendo não. Eu mesmo sou parte disso, porém comecei e refletir e fazer testes de implementação e por isso trouxe o assunto para vocês.
Se a resposta é não, está na hora do sim.
Eu sei que você volta de momentos assim com muita vontade de fazer acontecer. Quem nunca? Mas convido a tentar criar coisas para proteger este instinto.
Podemos criar um espaço para debater ações práticas, envolvendo pessoas em missões e desafios. Fazer projetos pilotos e laboratórios experimentais dessas coisas novas.
Podemos fazer um mapeamento de insights e escolher as 3 coisas mais impactantes e como pode mudar nosso processo de trabalho, produto ou projeto de qualquer tipo. Nos comprometer com revisões de planos baseados em aprendizados. Criar momentos especiais com pessoas realmente envolvidas com isso. Até mesmo estabelecer novos cargos de pessoas guardiãs de implantação dessas inspirações. Ou de algum jeito reativar a continuação das conversas até virar projetos. Eu não sei o melhor caminho para cada empresa, mas podemos (e devemos) fazer muita coisa com isso.
Nossa, lembrei até de uma amiga que se demitiu depois de um evento. Não deixa de ser algum impacto real na carreira e trabalho né? Outro dia conto essa história. (imagine um emoji aqui)
Proponho uma reflexão importante: o quanto esse mundo lúdico e inspirador está preenchendo espaços, nos dando sensação de sermos inovadores mas no fundo anda completamente distante e desconectado do nosso negócio e impacto real na empresa.
Eu sei, é difícil transformar desejos em impacto. Requer algum tipo de disciplina, intencionalidade, técnica e ser encarado como trabalho. Incorporar coisas nos processos é dolorido, mas precisamos encarar. Senão estaremos nos iludindo sobre movimentos e futurismos que jamais levamos para dentro da vida.
Com a rápida mudança do mercado, tecnologias e formas de trabalhar, precisamos ainda mais dos festivais. Não quero em momento algum questionar essa existência ou papel deles, inclusive faço parte das programações e tenho serviços de inspiração e talks ligados à esses eventos corporativos. Porém, o papo aqui é sobre a nossa parte pra acontecer um “depois”.
Precisamos chamar alguma responsabilidade de perceber que os eventos, talks, festivais são começo, não o fim. É com a gente que a jornada se desenvolve.
Não vamos deixar festivais e eventos tão lindos ser um placebo da nossa necessidade de mudança. Senão a conta não vai fechar e cada vez mais usaremos esses momentos como fuga e não transformação da realidade.
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