Home sweet home
Home office, home schooling, home cooking, home cleaning…
Home office, home schooling, home cooking, home cleaning…
22:19. Parando agora. O despertador tocou às 7:00 porque, afinal, não podemos sair da rotina. Não posso me queixar, já descontei os 30 minutos de trânsito e atrasei o despertador de acordo. Saio cedo para caminhar. Não há ninguém na rua, saio sem tocar em nada, momento importante para manter a sanidade do dia.
Chego para organizar o café da manhã. Meus filhos usaram a mesma tática de dormir mais 30 minutinhos e já estão acompanhando a aula remota, de pijama, na mesa do café, pois as professoras já estão nas lives. Como eu li em uma das mil mensagens recebidas nestes dias por um dos infinitos grupos: “não seja tão rígida”. Então tá! Eu ainda tenho sorte de ter filhos de 11 e 14 anos. Já são independentes. Tenho muitos colegas com filhos pequenos que dizem estar quase impossível lidar com a quarentena.
A um segundo de distância do computador, começo a maratona de reuniões. Não sei se é porque tenho que participar de tantos comitês, o de crise, o da contingência, o de comunicação, o de operação, e ainda coordenar o dia a dia, ter certeza que o time está orientado, confortar com a presença ainda que virtual, reforçar o trabalho de todos, cortar as despesas que não precisamos fazer agora, o dia passa voando.
Hoje não deu para fazer o almoço. Alguém providenciou. Comi no meio da reunião de contingência. No intervalo, uma ida ao banheiro, tropeço na mala da escola, que há três dias está no meio da sala. Tudo bem, dizia o texto do WhatsApp. Afinal, os filhos estão colocando a mesa, lavando seu próprio prato, cuidando do seu dia a dia. Coisas boas vão sair desta experiência de ficar em casa em quarentena.
O mais velho vem dizendo que não tem mais cuecas. Máquina de lavar: este é o João, muito prazer. Entendam-se! Todo mundo ajudando, não sei se estamos todos dormindo num repolho, mas dentro de todas as coisas do dia esta é a que menos me preocupa.
As reuniões acabam. 20:30. Este é o perigo do home office, dizem. Entro um pouquinho no WhatsApp antes de ir para a cozinha. Covid, Covid, Covid, os impactos na economia, o summary da consultoria, as dicas para não pegar, o que nossos heróis da saúde estão fazendo, nova MP etc. etc.
Que tal um risoto? Fazia tempo que eu não cozinhava. Eu gosto, mas tenho pouco tempo, então, acabo delegando. Nunca sei o que comerei no jantar, Nani tem total autonomia. Mas, em tempos de coronavírus, não só tenho que decidir o que vamos comer como tenho que cozinhar. A mesa é posta com carinho. Resgatamos uns guardanapos e adornos que há tempos não usamos. O risoto de camarão tem um cheiro delicioso. Vamos abrir um vinho para acompanhar. Mas hoje é só terça-feira e nem deu tempo de fazer exercício. Sim, aquele que sua prima mandou, que você tem que agachar com dois quilos de açúcar, arroz ou feijão em cada mão. Não sou das mais esportistas mesmo e, depois de um dia destes, mereço uma tacinha de vinho!
Enfim, agora é fazer um FaceTime com os avós. Estão bem, graças a Deus e ao isolamento. Que tal uma sessão familiar de uma nova dança no TikTok? Minha sorte é que há o modo câmera lenta, assim não faço tão feio. Rimos bastante. Que gostoso estar com a família!
Home, home, home… home sweet home.
*Crédito da foto no topo: Nazarkru/ iStock
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