Opinião

Hornbach – No Project Without Drama

Case da Hornbach no Ciclope Berlin 2025 mostra como o drama e o humor elevam o storytelling de marca.

Renata Munaretto

Chief production officer (CPO) da Landscape 10 de outubro de 2025 - 20h00

O painel sobre o case “Hornbach’s: No Project Without Drama”, revelou o processo criativo por trás de um filme que celebra o esforço, a imperfeição e a teatralidade do faça-você-mesmo (DIY) — com um craft de alto nível, muita emoção e um posicionamento de marca bem claro. 

A essência do projeto não é vender um produto ou impulsionar um KPI isolado — é respaldar a marca através do discurso de esperança, empatia e identificação. Apesar de ter drama e comédia, o filme é sobre esperança e não sobre vender. É para gerar identificação, aquele impacto de “se ver no problema e dar risada”.

Em outras palavras, não se trata de market share imediato, mas de reforçar a personalidade da marca. O drama, nesse caso, torna-se o veículo emocional e não um espetáculo vazio.

O filme aposta em uma combinação potente de elementos:

  • Orquestra, atores e coro: uma orquestra gravada em Berlim e um coro de 30 pessoas compõem a trilha sonora dramática.
  • Estúdio construído à mão: praticamente todo o cenário — com referência ao “banheiro-teatro” — foi montado manualmente, reforçando o tom artesanal e o ponto forte da marca.
  • Mixed media, pós-produção e teatralidade: o resultado combina luzes, silhuetas, dramatização e arte de produção com pós-produção e efeitos moderados, de modo a sustentar o “drama teatral” sem perder coesão.
  • Transformação de conflito em humor: o projeto assume um vazamento, mas não trata como tragédia. Dá lugar para humor, leveza e identificação. Afinal, não há drama sem teatro.

Mas afinal, como surgiu um trabalho tão incrível? Pois é, não partiu de um briefing tradicional e fechado, mas de uma cooperação criativa, que deu uma total liberdade conceitual.

Todas as falas do responsável pelo marketing intensificam a força da parceria entre anunciante, agência, diretor e produtora. A peça é brilhante, mas faz parte de uma estratégia de marca de longo prazo.

Enxergar a publicidade como um “hobby bem pago” e não como um trabalho, é de certa forma poético e ingênuo, mas uma forma de resguardar a paixão e a autenticidade, uma manobra mental para que possa ajudar na qualidade e no engajamento criativo.

Lições e reflexões para o mercado

  1. O drama como elo emocional: assumir conflitos e transformá-los em narrativa torna a marca mais humana e conectável.
  2. Craft como diferencial competitivo: a execução manual do cenário, o uso de orquestra, o cuidado com luz, sombra e silhuetas elevam o filme de peça institucional para obra artística.
  3. Colaboração alinhada desde o início: quando cliente, agência e produtora compartilham a visão e se engajam no risco criativo, o potencial de resultado memorável aumenta.
  4. Marca como narradora, não vendedora: ao invés de empurrar produto, Hornbach narra um mundo onde o DIY é cheio de percalços — mas recompensador.
  5. Persistência e identidade: projetos com ambição requerem resistência criativa — não apenas talento momentâneo.