Como se preparar para 2026?
Parece impossível, mas há caminhos, e o maior risco, na verdade, é a inércia
Último trimestre. Se você trabalha em um negócio organizado, o planejamento para o próximo ano está borbulhando. A gente ainda nem sabe se a Black Friday vai ser boa e já precisa estabelecer um compromisso de vendas dos 12 meses seguintes.
Planejar o futuro sempre foi um desafio, mas planejar 2026 parece um esporte radical. No horizonte já estão confirmados alguns ingredientes explosivos: Copa do Mundo, eleições presidenciais, polarização intensa, guerras que insistem em não acabar, novas tecnologias mudando tudo ao nosso redor. A pergunta é: como se prepara um negócio para navegar nessa confusão?
Faço um plano com o câmbio em R$ 4,60 ou em R$ 6,90? Conto com um alto engajamento das pessoas com a seleção brasileira ou vai ser um show de frustrações? Invisto pesado em IA ou aprendo aos poucos? Devo investir em produtos da cor “laranja iPhone 17”? Ainda dá tempo de surfar a onda de colocar proteína em tudo? O que eu faço com esse concorrente chinês que está chegando ao meu mercado? São tantas dúvidas e ainda nem mencionei os temas políticos…
Quem estiver fingindo que 2026 vai ser um ano “normal” corre o risco de ser engolido. Mas quem fica paralisado diante da incerteza, também.
Se você estivesse preparando uma mala de viagem para levar para 2026, como faria? Tem gente colocando capa de chuva, chá de camomila e até colete a prova de balas. Não existe um manual para sobreviver ao próximo ano, mas deixo aqui cinco dicas para quem está nesse processo de planejamento:
- Monte cenários e crie alternativas versáteis: planejar não é sobre conseguir prever os acontecimentos que virão. É sobre preparar o presente para resistir a qualquer futuro. Se o câmbio cair, seu negócio precisa estar pronto para importar insumos com vantagem. Se subir, precisa ter alternativas locais para não ser sufocado. Foque no que você pode controlar, com a consciência de que os ventos podem mudar.
- Inteligência artificial não é moda, é idioma obrigatório. Quem ficar de fora, vai se tornar analfabeto digital.
- Não tire os olhos do seu cliente. Entenda como as suas necessidades, percepções e preferências estão mudando. Se o mundo está confuso para você, também deve estar confuso para ele. Mostre que você é justamente a melhor opção para ajudá-lo nesse momento e siga acompanhando de perto a sua satisfação.
- Entenda as tendências pela essência: por trás de todo hype existe um insight. Entender como as grandes ondas se formam é mais importante do que conseguir surfar uma delas.
- Prepare a cultura. Empresas não são apenas planilhas. São feitas de gente. E 2026 será um ano emocionalmente desgastante para a sua equipe. Polarização política, alto volume de informação, mudanças acontecendo muito rapidamente e desafios com competidores que parecem ter surgido do nada vão drenar energia das pessoas. Se a sua marca não tiver clareza de propósito, vai ser sugada por debates que não levam a lugar nenhum. Ter um negócio preparado não significa só ter um bom estoque, um hedge financeiro ou um plano de marketing robusto. Significa também ter uma cultura organizacional resiliente, capaz de manter a calma quando todo mundo lá fora estiver gritando.
O maior risco não é o dólar, a Copa ou a eleição. O maior risco é a inércia. É esperar certezas que nunca virão. 2026 pode ser o ano do caos. Mas também pode ser o ano em que os negócios mais preparados vão se destacar, exatamente porque souberam transformar a incerteza em estratégia.